Os quarenta anos da adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE) também se assinalaram em Braga. 

Numa conversa, organizada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), em parceria com a TSF e o Jornal de Notícias, sentaram-se à mesa o presidente da câmara de Braga, Ricardo Rio, e Luís 

Valente de Oliveira que, à data da assinatura do Tratado de Adesão à CEE, era ministro do Planeamento e Administração do Território, cargo que exerceu até 1995. 

'A adesão à CEE foi fundamental para o desenvolvimento do país'

Recorrendo à sua experiência como ministro durante o processo de integração europeia, Luís Valente de Oliveira destacou o contexto difícil de Portugal nos anos 80 e o papel decisivo da CEE na transformação do país. 

Segundo o ex-governante, Portugal era então um território subdesenvolvido, o que levantava reservas entre os parceiros europeus, sobretudo em áreas como a agricultura e a emigração. “Havia receios de que, com salários baixos e bens baratos, fossemos inundar o mercado europeu e agravar situações já delicadas”, explicou. 

No entanto, sublinhou que o projeto europeu foi “fundamental” para o país, não apenas pelos fundos recebidos, que permitiram avanços significativos na saúde, na educação e nas infraestruturas, mas também por impor uma nova cultura de exigência e responsabilidade política. “A vida política é uma vida de explicação”, afirmou, reforçando ainda a importância da educação cívica para reforçar a consciência europeia entre os mais jovens e defendendo que só assim se pode combater o desinteresse político e a abstenção.

'A ferrovia é hoje uma prioridade para o desenvolvimento regional'

Ricardo Rio focou-se no impacto atual e futuro da integração europeia, com especial ênfase para a mobilidade e o investimento em infraestruturas. Segundo o autarca bracarense, a adesão à CEE foi determinante para o desenvolvimento das vias rodoviárias, mas o futuro passa agora pela ferrovia. “As estradas do presente são diferentes. Hoje, as prioridades são outras, e a ferrovia destaca-se pela eficiência, pela sustentabilidade e pelo impacto económico”, defendeu Ricardo Rio. 

Para o edil, o investimento ferroviário será uma das grandes alavancas do desenvolvimento futuro da região Norte, nomeadamente pela sua proximidade à Galiza.

Apesar de reconhecer a importância contínua das vias rodoviárias, ainda muito solicitadas pela população de Braga, o autarca aponta a ferrovia como "estratégica" para o crescimento sustentável.

Sobre o desinteresse político, Ricardo Rio considerou que a apatia não se limita aos jovens, mas afeta toda a sociedade. Para presidente da câmara bracarense, é essencial reforçar a ligação dos cidadãos às instituições europeias, aos seus protagonistas e ao valor do projeto europeu.