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Elsa Moura/RUM
Elsa Moura

Regional 14.03.2016 16H37

Chumbada proposta da CDU e PS para S. Geraldo

Escrito por Elsa Moura
Vereadores da CDU e do PS com duras críticas a Ricardo Rio. Na resposta, Rio avisa que não há dinheiro para tentar destino diferente através da aquisição do S. Geraldo à Diocese.

Foi esta manhã chumbada a proposta conjunta apresentada pelos vereadores da CDU e PS na Câmara Municipal de Braga para o S. Geraldo. Entre os cinco pontos constavam a suspensão do processo da Diocese por um prazo de três meses para promover o debate entre os diferentes partidos e os cidadãos bracarenses. Um outro destaque ia para a salvaguarda patrimonial do antigo cincema S. Geraldo. Todos os pontos foram chumbados pelo executivo liderado por Ricardo Rio.

O autarca bracarense sublinhou que “o município não tem que estar presente em tudo, não tem que estar a municipalizar todos os equipamentos só porque alguém acha que seria mais interessante municipalizá-los do que deixá-los ao livre escrutínio da iniciativa privada” (Diocese). Rio defende que o município só tinha que intervir “pela via do licenciamento e do cumprimento daquilo que são as normas de salvaguarda do património”.

Justificando a reprovação da proposta, o autarca lembrou que em 2005, a CMB “apreciou um projecto apresentado pela diocese que tinha como objectivo a criação de um espaço de restauração e bebidas e escritórios e serviços”. Um projecto que na altura “não mereceu qualquer tipo de objecção por parte da câmara muncipal” e só não se concretizou por falta de pareceres favoráveis.

Rio lembrou ainda uma outra situação, com Hugo Pires a vereador do Urbanismo que aprovou um projecto de arquitectura que previa espaços comerciais e estacionamento. Projecto que não seguiu por incapacidade do promotor.

O actual presidente do município de Braga assinalou que “durante vinte anos a cidade acomodou-se com o encerramento deste equipamento”. “Na altura não fazia falta mais equipamento cultural, salvaguardar este património”, atirou, acrescentando que "um grupo restrito de bracarenses achou que desta vez era importante salvaguardar o Cinema S. Geraldo".

De acordo com Ricardo Rio, no início deste mandato, a diocese apresentou um projecto, em conjunto com um investidor privado que “teve toda a receptividade” da autarquia que “quer a recuperação total” daquela zona da cidade. No entanto, Rio lembra que a proposta sofreu várias alterações ao longo do tempo. Agora, “o projecto cumpre com aquilo que a autarquia quer para o espaço”. Para além disso, Rio frisou que para reclamar e tentar algo diferente para o espaço, a Câmara só teria argumentos caso tentasse comprar o edifício, algo impossível por questões financeiras: "são muitos milhões de euros que a câmara não tem para gastar", avisou.

Quem saiu em defesa das palavras do autarca foi o vereador com o pelouro do urbanismo e património. Miguel Bandeira frisou que o “verdadeiro atentado ao património foi o próprio S. Geraldo quando deu lugar ao primitivo mosteiro de N. Sra. da Piedade dos Remédios” no início do séc. XX. “Se tivéssemos ainda hoje preservado o antigo convento dos Remédios tínhamos uma das praças barrocas mais belas do mundo”, considerou o também professor universitário.


“Está a ser desprezado um património de memória colectiva” - Carlos Almeida (CDU)

Foram duras as críticas do vereador da CDU ao executivo de Ricardo Rio. Mesmo reconhecendo que a proposta dificilmente iria convencer a maioria a mudar de opinião, Carlos Almeida disse estar “profundamente desiludido com a política cultural e patrimonial” que está a ser seguida em Braga.

Segundo o vereador da CDU, a proposta desta manhã “foi a que mais debate provocou desde o arranque do mandato” e “demonstra o caminho que ainda há a percorrer”. Para Carlos Almeida “está a ser desprezado um património de memória colectiva da cidade”. A necessidade de espaços culturais em Braga é outra das fragilidades que poderia aqui ser combatida, defendeu.

A oposição propôs ainda a votação por pontos, mas não foi aceite pela maioria. O vereador comunista assinalou ainda o facto de a câmara se ter “mexido” no edifício do Castelo e nas Convertidas, mas que optou por desvalorizar o S. Geraldo.


“Este executivo é perito em concursos de ideias” – Liliana Rodrigues (PS)


Do lado dos vereadores do Partido Socialista, e tendo em conta a ausência de Hugo Pires e Palmira Maciel (por motivos relacionados com o cargo de deputados na Assembleia da República), Liliana Rodrigues apresentou o ponto de vista dos socialistas. Lembraram esta manhã as propostas apresentadas no concurso de ideias para a Avenida da Liberdade, onde se incluia ainda o edifício S. Geraldo. Tal como noutras ocasiões, Ricardo Rio referiu que era apenas um concurso de ideias. A explicação não ficou esquecida e a vereadora socialista aproveitou para acusar o actual executivo de ser “perito em concursos de ideias”. O PS acusa Ricardo Rio de ter mudado de "personalidade" quando passou da oposição para o poder. 

Depois da votação desta manhã fica ainda mais difícil a possibilidade de retrocesso naquilo que já foi apresentado pela Diocese aos bracarenses.

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