Internacional 01.09.2025 16H27
Cerca de 850 mil refugiados regressaram à Síria desde queda de Al-Assad
A agência da ONU para os Refugiados estimou, num relatório publicado em junho, que os sírios, embora sejam protagonistas de uma redução crescente de necessidades, ainda constituirão, em 2026, a segunda população refugiada com mais necessidade de realojamento, somando mais de 442.000 pessoas a precisar de nova casa.
Cerca de 850 mil refugiados sírios regressaram ao país desde a queda de Bashar al-Assad, em dezembro, e o número pode chegar a um milhão nas próximas semanas, segundo as Nações Unidas.
“O número de regressos [à Síria] é excecionalmente elevado”, afirmou a adjunta do alto-comissário da ONU para os refugiados, Kelly T. Clements, em declarações à agência de notícias norte-americana Associated Press. Segundo a responsável do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), cerca de 1,7 milhões de pessoas que foram deslocadas internamente durante o conflito de 14 anos no país regressaram às suas comunidades.
“É um período dinâmico. É uma oportunidade de podermos ter potenciais soluções para as maiores deslocações globais que vimos nos últimos 14 anos”, afirmou Kelly Clements, que está na Síria há três dias. O conflito naquele país, que começou em março de 2011, matou quase meio milhão de pessoas e desalojou metade da população, que era de 23 milhões antes da guerra.
Mais de cinco milhões de sírios fugiram do país como refugiados, a maioria para países vizinhos como a Jordânia e o Líbano. No âmbito da sua visita, a adjunta do ACNUR foi a uma passagem fronteiriça para o Líbano, onde disse ter visto longas filas de camiões e pessoas à espera de regressar à Síria.
As autoridades libanesas concederam um perdão das sanções aos sírios em situação ilegal no país com a condição de que estes saíssem do Líbano até ao final de agosto. O Líbano tem o maior número de refugiados ‘per capita’ do mundo, mas nos últimos dias, milhares de sírios saíram do país e regressaram a casa.
Apesar de o número de regressados ser alto, ainda há muitos sírios a adiar o seu retorno à espera de ver como a situação se desenrola no país, admitiu a responsável da ONU. Muitos sírios tinham grandes esperanças depois de o Presidente al-Assad ter sido derrubado do poder por grupos insurgentes, no início de dezembro passado.
No entanto, os assassinatos sectários contra membros da etnia minoritária alauita, à qual pertencia Bashar al-Assad, na região costeira da Síria, registados sobretudo em março, e contra a minoria drusa (apoiada por Israel) na província de Sweida, no sul, em julho, custaram centenas de vidas e deixaram muitos refugiados hesitantes sobre o regresso.
Kelly Clements adiantou que cerca de 190 mil pessoas foram deslocadas no sul da Síria na sequência dos combates de julho entre homens armados pró-governamentais e combatentes drusos.
Desde então, 21 comboios com ajuda humanitária de emergência, muitos dos quais do ACNUR, foram enviados para Sweida, referiu, acrescentando que a autoestrada Damasco-Sweida, bloqueada há várias semanas por homens armados pró-governamentais, já voltou a estar disponível. “Isto é muito importante porque permitirá que muito mais ajuda chegue à região”, defendeu.
A agência da ONU para os Refugiados estimou, num relatório publicado em junho, que os sírios, embora sejam protagonistas de uma redução crescente de necessidades, ainda constituirão, em 2026, a segunda população refugiada com mais necessidade de realojamento, somando mais de 442.000 pessoas a precisar de nova casa.
LUSA