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Liliana Oliveira

Academia 24.09.2023 19H17

CEB desenvolve método para utilizar vírus no combate à ineficácia dos antibióticos

Escrito por Liliana Oliveira
O objetivo é melhorar a resposta aos antibióticos no tratamento de infeções crónicas através da utilização de fagos.  
Declarações de Luís Melo, do CEB

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O Centro de Engenharia Biológica (CEB) da Universidade do Minho está a desenvolver métodos que permitem utilizar vírus para combater a ineficácia dos antibióticos.

A investigação é liderada por Luís Melo, que explica, em entrevista à RUM, que o objetivo é melhorar a resposta aos antibióticos no tratamento de infeções crónicas através da utilização de fagos.


“Esta investigação baseia-se no uso de proteínas que são isoladas a partir de vírus, específicos para bactérias e que poderão ativar células em estado dormente, ou seja, células que não são resistentes a antibióticos, mas tolerantes. Quando o antibiótico não funciona queremos tornar as células dormentes ativas e o antibiótico passará a ter mais eficácia”, detalhou o investigador.

Luís Melo reconhece que Portugal já foi um país onde se recorria bastante ao uso de antibióticos, mas, no seu entender, “os médicos têm muito mais precaução no uso desses medicamentos”.


“O uso excessivo de antibióticos leva ao aumento da resistência e as células resistentes estão num passo à frente, sendo que para essas propomos o uso de um vírus integralmente. Nas tolerantes, propomos esta alternativa, porque conseguimos reabilitar o uso do antibiótico, cujo uso clínico tem diminuído nos últimos anos de vida, devido ao aumento da sua ineficácia”, acrescentou.


Neste momento, a equipa de investigação está a fazer “a clonagem das proteínas, para no princípio do ano estudar a sua ação in vitro”. “Se tivermos sucesso, avançaremos para os modelos in vivo”, fez saber Luís Melo, dando nota de que “a próxima fase será identificar proteínas alvo, que terão a capacidade de ativação de células”.  Esta investigação “representa uma esperança para o tratamento de infeções crónicas”.


As bactérias, naturalmente presentes no corpo humano, tornam-se tolerantes a antibióticos com a utilização contínua, o que reduz a eficiência dos tratamentos. 

O Projeto DeathTrigger do Centro de Engenharia Biológica da UMinho, desenvolvido em parceria com o Instituto Superior Técnico – Investigação e Desenvolvimento (IST-ID), pretende combater esta problemática e voltar a “sensibilizar” as células “adormecidas” para estes medicamentos. Os cientistas do centro demonstraram recentemente, e pela primeira vez, que algumas células dormentes respondem e podem ser ativadas por uma infeção de fagos, vírus de bactérias. Com a sua ativação, o metabolismo celular volta à produção viral, levando, assim, a que a eficácia dos fármacos aumente.


A Organização Mundial de Saúde estima que, caso nada seja feito, até 2050 irão morrer 10 milhões de pessoas em todo o mundo com doenças causadas por bactérias resistentes e tolerantes a medicamentos.

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