Regional 11.09.2023 14H10
Câmara de Braga iniciou contactos com Arquidiocese para comprar São Geraldo
PS acusa Câmara de ter gasto meio milhão de euros "para nada".
A Câmara Municipal de Braga já iniciou conversações com a Arquidiocese para adquirir o edifício do São Geraldo.
Em 2017, a autarquia anunciou a intenção de transformar o antigo cinema num espaço destinado às Media Arts. O projeto está na fase final e o concurso para a empreitada deverá ser lançado até ao final do ano.
Desde então, a Câmara paga uma renda mensal de 12.500 euros à Arquidiocese de Braga, proprietária do edifício. Segundo as contas do Partido Socialista, até ao momento a autarquia já gastou mais de 700 mil euros em rendas.
De acordo com o município, a Câmara tem direito de compra do edifício sendo descontado parte do valor da renda no montante a pagar pela aquisição do edifício. Adolfo Macedo, acusa a Câmara, de deitar mais de meio milhão de euros ao lixo.
O presidente da Câmara, Ricardo Rio, tornou público de que a Arquidiocese de Braga mostrou abertura para vender o edifício ao Município. “Tínhamos interesse em antecipar o processo de aquisição, que implica, desde logo, alterações contratuais, realização de avaliações, mas a primeira resposta que tivemos da parte do Arcebispo foi de que estaria disponível para conversar, foi uma palavra de abertura. Terá que ser desenvolvida agora a avaliação por ambas as partes, para tentar chegar a um entendimento e para ter em conta aquilo que está estabelecido também no contrato, de poder consignar alguma das verbas das rendas à comparticipação da aquisição que se vier a estabelecer”, explicou o autarca.
Ricardo Rio acusou ainda o vereador do PS, Adolfo Macedo, de não ser honesto nas afirmações que faz. “Quem defendeu que a Câmara Municipal, num determinado momento, tomasse conta do edifício, sabia que havia um preço a pagar, traduz-se nas rendas que foram pagas”, lembrou o autarca. Rio nega que se trate de “financiar a Igreja”. “Na altura (em 2017), a Câmara foi sensível aos reptos de muitos cidadãos, de várias associações e de praticamente todas as forças políticas, no sentido de que esse processo fosse travado e que se optasse por uma outra solução, mais de cariz cultural”, reforçou o presidente da Câmara, lembrando que esta posição teve “um custo”, uma vez que a autarquia nada pode impor à proprietária do edifício. “O valor que nós estamos a pagar pelo São Geraldo é um valor perfeitamente justo do ponto de vista das condições de mercado”, garantiu.
PS acusa Câmara de gastar meio milhão de euros em rendas "para nada"
Adolfo Macedo lamentou, mais uma vez, que a Câmara esteja a gastar “12.500 euros por mês” por um edifício cujo projeto continua sem ver a luz do dia. O socialista referiu ainda, no decorrer da reunião de Câmara desta segunda-feira, que o direito de opção de compra “não existe”. “Há ali um malabarismo jurídico que faz com que quem decide se vende ou não é a Santa Sé e mesmo que isso aconteça o dinheiro que estamos a pagar não vai descontar na sua totalidade no preço de compra, mas apenas uma ínfima percentagem”, explicou.
Segundo as contas de Adolfo Macedo, desde o início do pagamento da renda o município já dispensou 765 mil 625 euros. Deste valor, será descontado numa eventual compra “40% das rendas pagas nos primeiros cinco anos e 20% desde então”, o que perfaz, neste momento, 273 mil 750 euros. No entender do socialista, os restantes quase 500 mil euros foram “para nada”. "Este contrato está só a servir como plataforma giratória de dinheiro", acusou o vereador do PS. Assim, para Adolfo Macedo, “a única opção viável, de facto, é avançar já para a compra”.
Media Arts Center será "meio privilegiado para a criação"
Na altura que anunciou o projeto do Media Arts Center, a Câmara apontava a "um espaço de convergência entre arte, ciência e tecnologia e o meio privilegiado para a criação, experimentação, aprendizagem, apresentação e exposição da produção em Media Arts, constituindo-se como um espaço multipolar, contaminando diferentes locais da cidade e criando uma rede urbana de ligação entre diferentes estruturas com funções e dinâmicas complementares".
"Será um projeto de aproveitamento conjunto dos edifícios S. Geraldo e ‘Pé Alado’ que permitirá ir ao encontro de uma multiplicidade de fins, assegurando a regeneração urbana de uma parcela importante do Largo Carlos Amarante e dotando a União de Freguesias de São Lázaro e São João de Souto de instalações próprias condignas para exercer a sua actividade", anunciava ainda a Câmara de Braga.