O "Tempo de Contemplação", conceito da candidatura de Braga a Capital Europeia da Cultura em 2027 (CEC), reuniu consenso e convenceu os membros do júri da CEC. Segundo a coordenadora executiva da Braga'27, Joana Meneses Fernandes, a equipa está "satisfeita" com os comentários dirigidos ao projeto descrito como "claro, ambicioso, bem pensado e equilibrado". Além disso, os jurados consideram o tema "pertinente" e o programa artístico "simples, mas simultaneamente complexo”, sublinhando ainda a sólida dimensão europeia do conceito e do programa.

Em declarações à Universitária, a responsável não esconde que esta avaliação vem "elevar a fasquia". Recorde-se que a equipa terá de preparar, de raiz, um novo dossier de candidatura mais extenso e aprofundado em comparação com a primeira versão apresentada em janeiro deste ano. O alargado processo de auscultação assim como a forma clara como foi conseguida a estratégia Braga Cultura 20-30 são outros dos destaques da responsável.

Na opinião do presidente do Município de Braga, a avaliação foi "globalmente positiva". Ricardo Rio arrisca mesmo em afirmar que terá sido dos dossiers "mais reconhecidos em termos de qualidade".

Aos microfones da RUM, o autarca aproveita para enfatizar a necessidade de uma mobilização coletiva para este objetivo, uma vez que os jurados voltaram a mostrar-se reticentes devido ao facto de não ter havido um voto unanime em reunião do executivo sobre o processo o que, no entender do comité, poderá colocar em causa a "continuidade das políticas" no setor da cultura. "Temos de demonstrar que este é um processo de todos os bracarenses independentemente da sua filiação partidária e isso tem de se refletir nas decisões dos órgãos municipais", alerta.

Júri da CEC alerta para possível insuficiência das verbas disponibilizadas pelo Município de Braga. Responsáveis apontam para mais detalhes nas informações sobre a matéria.

Outra posição do júri que terá de ser esclarecida, passa pelo facto de o comité ter considerado "insuficiente" as verbas alocadas pela Câmara de Braga a esta área (5 milhões de euros).

Questionado pela RUM sobre esta ressalva, o autarca bracarense, refere que esta é uma questão de "enquadramento" que será detalhada no novo documento. "Quando se compara com o investimento feito na candidatura de Ponta Delgada não só pelo Município como pelo Governo Regional, por ventura o júri não terá a perceção que o enquadramento administrativo do Continente não é igual ao das Regiões Autónomas. Portanto, não há aqui capacidade de investimento da CCDR-N ou de outra estrutura supramunicipal que pudesse aportar mais meios para a candidatura", revela.

A coordenadora executiva da Braga'27 também garantiu que esta é uma questão de apresentação do investimento e não realmente um ponto fraco da candidatura.

Braga'27 quer criar redes de cooperação com parceiros regionais.

Este é um aspeto que já havia sido pensado pela equipa, porém não constava de forma aprofundada no primeiro dossier de candidatura. Contrariando as ideias de centralidade, Braga pretende abrir open calls com "um âmbito geográfico mais alargado" criando assim uma rede de cooperação com parceiros regionais.

A equipa vai também elaborar uma estratégia de comunicação mais alargada, de modo a que o "Tempo de Contemplação" consiga convencer os públicos europeus, sendo que na ótica de Joana Meneses Fernandes "muitos países e cidades vão se rever neste conceito".