Cultura 26.03.2024 15H38
Braga En'Cena junta atores amadores de Braga em peça "no coração cultural da cidade"
Braga En'Cena apresenta oito espetáculos no Theatro Circo, entre abril e outubro. A primeira peça a ser apresentada, a 7 de abril, é "Até Quando?", do Movimento Semnome, que junta atores de nove grupos de teatro locais.
O cravo vermelho no chão deixa antecipar o tema da peça “Até quando?”, do Movimento Semnome, que junta atores de nove companhias de teatro amador e profissional de Braga. Sobe “ao palco dos palcos”, o Theatro Circo, a 7 de abril, para lembrar e desafiar o público a “refletir sobre o que é a liberdade nos dias de hoje”. “Só porque, há 50 anos, alguém fez o 25 de Abril, não podemos dar essa liberdade como garantida, porque podemos perdê-la a qualquer momento”, disse o encenador Roberto Moreira.
Por estes dias, cerca de uma dezena atores ensaiam, na sede da Junta de Freguesia do Vimieiro, em Braga. O encenador enaltece a importância de os diferentes grupos “se quererem juntar, para aprenderem uns com os outros”. “É assim que devemos desenvolver o teatro”, acrescentou.
Esta terça-feira, com as portas abertas à imprensa e com o presidente da Câmara a assistir ao ensaio, o coletivo exemplificou uma parte daquilo que poderá ser visto no “coração cultural da cidade”.
José Dias é um dos atores que integra a segunda edição do Braga En'cena e ambiciona que “o teatro seja cada vez mais forte no concelho de Braga e aproveitar a melhor sala do país, o Theatro Circo”. Juntar os diferentes grupos de trabalho tem permitido “partilhar ideias”, promover a “ajuda mútua” e “tentar que a cidade de Braga aposte, cada vez mais, no teatro”. “Temos aqui pessoas totalmente distintas, que vêm de grupos com filosofias diferentes e que aprendem coisas diferentes”, reforçou o ator e porta-voz do grupo.
O presidente da Câmara de Braga, Ricardo Rio, explicou que o Braga En’Cena tem como objetivo “levar a cultura a todos os cantos do concelho, das mais diversas formas, aproveitando as infraestruturas locais, que nem sempre são devidamente potenciadas”. “Queremos que o teatro se mantenha vivo e ativo na cidade de Braga”, afirmou o autarca.
Considerando que, nos anos mais recentes, se tem verificado “uma certa atratividade do teatro, dinamismo dos próprios grupos, capacidade de recrutamento e rejuvenescimento”, Ricardo Rio garante “apoio” para continuar este caminho.
“Se é importante levar a cultura a cada uma das freguesias, todos os artistas gostam de passar pelo palco dos palcos”, referiu o presidente.
Esta será mais uma oportunidade de celebrar Abril, propondo a “reflexão sobre o caminho que trilhamos até aqui e o caminho futuro”. A receita dos espetáculos que vão decorrer entre abril e outubro, no Theatro Circo, reverte na totalidade para os grupos.
O Movimento Semnome é composto pelos grupos Artes d’Alegria, CEA – Cooperativa de Ensino Artístico; Grupo Cénico de Arentim; Grupo de Teatro Planalto; Malad’Arte Produções; Nova Comédia Bracarense; Projecto Expressar; Teatro D’Art e Tin.Bra – Academia de Teatro.
Theatro Circo recebe grupos amadores até outubro
Depois da peça “Até Quando?”, que estreia a 7 de abril, segue-se, no dia 14, também às 17h00, o espectáculo “Animais”, do Grupo de Teatro Planalto. A peça foi criada a partir da obra “A Quinta dos Animais” de George Orwell, escrita em 1945.
No dia 5 de maio, pelas 17h00, a Nova Comédia Bracarense apresenta a “O Aniversário do Casamento III”, uma comédia ligeira em um ato que encerra a saga aniversariante do casal Beto e Bela. A peça satiriza o imaginário coletivo e a cultura popular.
A 12 de junho, pelas 21h30, sobe ao palco do Theatro Circo a Cooperativa de Ensino Artístico – CEA, com a peça “Asas de Pedra”, um drama inesperado, que parte de um quadro poético e inspirador para um passado inimaginável e difícil de aceitar.
Em julho, dia 7, pelas 17h00, é a vez do Grupo Cénico de Arentim apresentar o espectáculo “Passa Por Mim Na Arcada”. Uma peça do género revista que promete ser uma animação.
“Se Uma Gaivota Viesse” da Tin.Bra - Academia de Teatro sobe ao palco a 31 de julho, pelas 21h30. Baseado no romance “Fernão Capelo Gaivota”, de Richard Bach, e com inspiração na escultura “O Vigilante”, de Alberto Vieira (exposto na Rua do Castelo, em Braga), “Se uma gaivota viesse” talvez ensine a lutar sempre pela liberdade, com asas que se estendem nos grandes voos das aves.
Depois de uma curta pausa, no Braga En’Cena volta ao Theatro Circo em setembro, dia 10, pelas 21h30, com a peça “Vamos Todos”, do Projecto Expressar. Com o pano de fundo dos 50 anos do 25 de Abril e numa encenação próxima do teatro documental e de proximidade, “Voltamos Todos”, parte da guerra colonial, recupera memórias destes 50 anos de um grupo de 12 homens residentes no bairro da Misericórdia, em Braga.
A iniciativa fecha as cortinas no dia 8 de outubro, pelas 21h30, com o espectáculo “Palavras Pendentes”, da MalaD’arte. Com uma imagem cenográfica realista e uma narrativa contundente, “Palavras Pendentes” desafia as convenções sociais e mergulha nas profundezas da alma humana, explorando os efeitos corrosivos da opressão e a anulação da liberdade individual.