Cultura 02.11.2025 12H03
Biblioteca digital já emprestou quase 100 mil livros
Forte procura marcou os primeiros nove meses de funcionamento da BiblioLED. Número de utilizadores registados ascende a 17 mil.
Com 178 mil acessos e 96 600 empréstimos de livros e audiolivros registados nos primeiros nove meses de funcionamento, a BiblioLED - Biblioteca Pública de Leitura e Empréstimo Digital já entrou nos hábitos de milhares de portugueses. Segundo a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), o organismo estatal que gere este serviço de empréstimo gratuito de livros digitais, há 17 mil utilizadores inscritos, responsáveis por 57 700 reservas de títulos, o que perfaz uma média superior a três títulos requisitados por utilizador nesse período.
Para Bruno Duarte Eiras, subiretor-geral da DGLAB, o interesse que a BiblioLED está a despertar deve-se em parte à "mediação e divulgação efetuada pelas bibliotecas municipais", que considera "fundamentais para assegurar o crescimento deste novo serviço digital".
O catálogo já disponível também tem contribuído para a procura. A coleção nacional de livros disponíveis ascende a 2386 títulos, num total de mais de 62 mil exemplares. A lista é atualizada trimestralmente e disponibilizada a todas as bibliotecas da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, cerca de 460. Há ainda 25 coleções regionais geridas pelas Redes Intermunicipais e Rede Metropolitanas de Bibliotecas, que estão apenas acessíveis aos seus utilizadores.
Por género, os conteúdos disponibilizados, quer em formato de livro digital quer de audiolivro, incluem títulos de ficção e não ficção. Na sua maioria são livros em língua portuguesa, destinados a diferentes faixas etárias.
Apesar do número de títulos ser já significativo, Bruno Duarte Eiras frisa que a BiblioLED não pretende ser uma biblioteca digital universal: "Queremos disponibilizar uma seleção de livros digitais e audiolivros, proporcionando boas experiências de leitura aos diferentes segmentos de público".
Seniores aderem
Um fator que contribui para os números apresentados tem que ver com a facilidade do processo. A inscrição numa das bibliotecas municipais da rede nacional pública que tenham aderido ao serviço é o único requisito. Para beneficiarem do serviço, os utilizadores só têm que fazer o acesso através de telemóvel ou tablet (há uma aplicação móvel disponível), computador ou leitores de livros digitais compatíveis. A possibilidade de fazer um empréstimo a qualquer hora do dia ou da noite é outra das vantagens de um serviço que acaba por "complementar a nossa estratégia de fomento dos hábitos de leitura", segundo o responsável da DGLAB.
Sem surpresa, as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto concentram a maioria dos utilizadores registados. Contudo, no que concerne ao perfil etário, há um elemento inesperado: o público sénior (acima dos 65 anos) é o segundo que mais recorre ao serviço, logo atrás da faixa etária entre os 18 e os 25 anos. "A acessibilidade pode ajudar a explicar estes números e a preferência dos leitores mais velhos, com a possibilidade de aumentarem o tipo de letra, por exemplo, ou escutarem os conteúdos através dos audiolivros", explica o subdiretor da DGLAB.
Nas aquisições regulares que faz, a BiblioLED procura levar em conta as sugestões dos utilizadores para adicionarem novos livros ao catálogo, mas, como serviço de curadoria que é, não se fica por aqui, sugerindo na sua página "títulos ou géneros específicos que possam interessar aos leitores", acrescenta Bruno Duarte Eiras.
O arranque da plataforma ficou marcado pelo atraso no registo por parte de algumas regiões intermunicipais, como a do Porto, que privou centenas de utilizadores de aderirem de imediato à plataforma, mas o problema foi debelado ao fim de algumas semanas.
"Projeto muito maturado", a BiblioLED beneficiou do facto de os responsáveis da DGLAB terem tido oportunidade de comparar o serviço com os de outros parceiros europeus, permitindo que "fosse escolhida a plataforma mais adequada às nossas necessidades", de acordo com Bruno Eiras.
Jornal de Notícias