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Pedro Magalhães

Cultura 18.11.2020 14H01

"As Troianas" no Theatro Circo para preservar o conhecimento dos clássicos

Escrito por Pedro Magalhães
Texto de Eurípedes chega à sala bracarense pela Companhia de Teatro de Braga
Declarações de Rui Madeira à RUM

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Nunca é demais recordar que é "nos clássicos gregos que está a base do pensamento europeu". A frase é dita à RUM por Rui Madeira, director da Companhia de Teatro de Braga (CTB) e encenador da peça "As Troianas", de Eurípedes, em cena no Theatro Circo até sábado, dia 21, e que marca o regresso das tragédias gregas às mãos da companhia bracarense.


"Há uma autêntica falta de memória e de conhecimento histórico, e o conhecimento dos clássicos, tal qual a filosofia, é fundamental para aguentarmos e sobrevivermos com a cabeça limpa no tempo actual", diz o encenador, que olha para o texto que narra a destruição de Troia às mãos dos gregos, escrito há mais de dois mil e quinhentos anos, e o compara à actualidade, marcada pela pandemia.


"A peça é sobre o interdito, o não podermos circular, o estarmos presos. No fundo, é o que acontece sempre que estamos numa guerra", comenta Rui Madeira sobre um texto que é das mulheres Hécuba, a raínha, (Sílvia Brito), Andromaca (Solange Sá), Cassandra (Eduarda Filipa) e Helena (Yeliz Balim), personagens resistentes ao passar do tempo, aqui "servido por grandes interpretações" das actrizes que, na visão de Rui, "são melhores que os actores" porque "têm mais capacidade entrega".


"O texto é sobre grandes interpretações femininas. São personagens de toda a cultura clássica grega e sorte de um continente que tem esta identidade cultural. Ajudou a formar a humanidade e, felizmente, temos estas referências para nos aguentarmos", avalia Rui.


A peça da CTB é despojada de adereços, apontando a um cenário minimal, centrado nos actores. "O cenário é o vazio completo, como quando as cidades são destruídas por dentro e por fora", explica o encenador, que lembra o conceito de destruição que pode ser aplicado ao agora.


"A destruição não é só os ataques do daesh ou ao Iraque, também é o silêncio desta pandemia: mete as pessoas em casa e deixa-nos ouvir, novamente, o chilrear dos pardais que agora tomam conta das cidades", comenta.



Peça está em cena no sábado, às 10h. "É o esforço para manter os teatros a funcionar"

"As Troianas" estreou na terça-feira, dia 17, às 19h, e está em cena à mesma hora até sexta. No sábado, em virtude das restrições à circulação impostas pelo Governo ao fim-de-semana, o espectáculo acontece às 10h.


Rui Madeira apela a que o público, apesar da hora pouco habitual, faça "o esforço" para ver o espectáculo, assinalando que a CTB e o Theatro Circo têm aqui "uma atitude de cidadania" porque "mantêm os equipamentos culturais a funcionar contra o medo, as novas ideias e o léxico político".


Os bilhetes para o espectáculo estão disponíveis a partir dos 10 euros e podem ser adquiridos aqui.

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