Como um cartógrafo do invisível, Matthias Puech cria ecossistemas sonoros artificiais em que o público se torna parte do ambiente. O artista francês estreia-se em solo nacional e no gnration esta sexta-feira, pelas 21h30, na blackbox para apresentar a peça 'Créature'.

Aos microfones da RUM, Matthias Puech adianta que os sons são criados num ensemble digital, sintetizados em tempo-real por um software desenhado pelo próprio. O projeto, apesar de ter sido lançado recentemente, faz parte de um “longo processo, de vários anos” em que esteve a desenvolver esta ferramenta que o auxiliasse a “fazer” a música.

Apesar de utilizar meios tecnológicos, garante que nada vai ser gravado e que tudo vai ser gerado “durante o concerto, num formato multicanal”. O público vai estar pela blackbox ao longo dos oito altifalantes, que vão estar dispostos pelo local a gerar o som, em que o artista vai poder controlar “como se desenvolvem através do tempo” e quais as trajetórias que vão traçar. “Tudo vai acontecer no computador, mas eu terei alguns controles para guiar a máquina”, sublinha.

O público, depois de um tempo, acostuma-se com o som e com o ambiente que é criado, e acaba por “entrar e absorver, como numa imersão”. Matthias Puech refere que enquanto cria os sons, acaba por ser, de certa forma, “o primeiro ouvinte dessa composição”, assim, revela ser “capaz de dizer que sente que exista algo já na máquina, que está vivo”.

Esta será a primeira atuação em Portugal, país que o artista já visitou, mas que está “curioso para descobrir” como será a reação do público. “Eu conheço um pouco sobre a cena da música dançante em Lisboa, por exemplo, e alguns compositores portugueses, mas o público, eu estou curioso para ver”, finaliza.

*Escrito por Marcelo Hermsdorf e editado por Elsa Moura