Academia 06.01.2023 12H09
Exposição a duas línguas desde os 4 meses pode atrasar doenças como Alzheimer
Premissa está a ser estudada pela investigadora do Centro de Investigação em Psicologia da Universidade do Minho, Ana Paula Soares.
A aprendizagem de duas línguas numa fase mais precoce da vida pode ajudar a atrasar doenças neurológicas degenerativas como o Alzheimer. A premissa está a ser alvo de investigação no Centro de Investigação em Psicologia da Universidade do Minho através do projeto “Criando mentes bilingues na primeira infância”, financiado pela Fundação Belmiro de Azevedo. O trabalho está a ser desenvolvido com crianças entre os quatro e os 36 meses.
Segundo Ana Paula Soares, estudos internacionais têm demonstrado grandes vantagens na exposição de indivíduos a um segundo idioma, nomeadamente, ao nível do "pensamento criativo e da flexibilidade de pensamento". A investigadora sublinha também o facto do uso de uma segunda língua contribuir para "um envelhecimento mais ativo".
Aos microfones do UMinho I&D, a responsável explica que a equipa irá acompanhar durante três anos crianças do Colégio Efanor, em Matosinhos, utilizando uma técnica pioneira em Portugal conhecida como "pedómetro da fala". Trata-se de um gravador que permite a recolha de produções linguísticas das crianças ou vocalizações. A ideia passa por analisar o número de palavras produzidas, turnos conversacionais, entre outros.
A equipa também irá recorrer à Eletrofisiologia, uma técnica sofisticada, segura, não invasiva e amplamente utilizada com crianças destas idades. Ana Paula Soares refere que não será necessário que as crianças executem comportamentos em resposta aos estímulos, pois o foco será a reação aos estímulos linguísticos no primeiro e segundo idioma.
A mistura de idiomas, algo que no geral preocupa os pais, não é algo que a investigadora considera como negativo. Ana Paula Soares explica que este fenómeno é "comum em indivíduos bilingues". "Não se trata de um défice, mas sim de um comportamento altamente estratégico por parte dos falantes para poderem ultrapassar alguma dificuldade que possa ocorrer na comunicação mantendo a eficácia".