Nacional 10.07.2025 08H37
Anualmente morrem em média dez crianças vítimas de afogamento
Apesar de o número de fatalidades ter diminuído significativamente em 20 anos – de 48 em 2002 para 10 em 2023 –, o padrão inverteu-se nos últimos quatro anos. A maioria das mortes acontece na faixa etária dos 15 aos 19 anos.
O mais recente relatório da Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI), divulgado esta quinta-feira, e citado pelo Jornal de Notícias revela que 315 crianças e jovens morreram e 650 foram internados na sequência de um afogamento, entre 2002 e 2023. Apesar de "uma redução significativa ao longo dos anos", o organismo sublinha que o número de mortes foi "excecionalmente alto" a partir de 2020: no ano da pandemia, contabilizaram-se 14 vítimas mortais, seguidas de 12 em 2021 e de 19 em 2022. Tal significa que nestes três anos, a média de óbitos foi de 15, mais do dobro do que no triénio anterior, entre 2017 e 2019, quando a média foi de 7,3.
Os dados disponibilizados pelo INEM apontam na mesma trajetória: nos últimos 12 anos, a média anual de pedidos de socorro foi de 80, sendo superior a 100 nos últimos quatro anos. Através de uma análise que cruzou diferentes dados e fontes de informação, a APSI concluiu que as crianças até aos quatro anos são as principais vítimas destes acidentes, ainda que a maioria dos óbitos ocorra entre os 15 e os 19 anos. Entre 2017 e 2023, por exemplo, morreram mais do dobro de jovens entre os 15 e os 19 anos do que menores até aos quatro anos. Já ao nível dos internamentos, as crianças mais pequenas são as mais hospitalizadas.
Os indicadores apontam ainda para uma correlação entre a idade das vítimas e o local dos acidentes. Duas análises paralelas feitas pela APSI permitem verificar que "os afogamentos com crianças mais novas tendem a acontecer mais em planos de água construídos e com crianças mais velhas em planos de águas naturais". Dos 261 casos noticiados pela imprensa e recolhidos pela associação, entre 2005 e 2024, 20% ocorreram em piscinas e vitimaram crianças até aos quatro anos. A faixa etária mais nova é também a mais penalizada nos acidentes em tanques e poços.
Por outro lado, a partir dos 10 anos, as ocorrências mais frequentes são constatadas em rios, ribeiras e lagoas, e as praias. Da amostra levantada pela APSI, 46% dos afogamentos registados em circuitos fluviais registaram-se com crianças entre os 10 e os 14 anos. Nas praias, esta faixa etária representou 35% do total de casos.
O cruzamento de dados feito pela APSI indica que os rapazes são os principais lesados neste tipo de acidentes. Da amostra de 261 ocorrências noticiadas desde 2005, 60% ocorreram com jovens do sexo masculino. Os pedidos de socorro feitos ao INEM nos últimos 12 anos, entre 2012 e 2023, corroboram o padrão: 59% dos casos vitimou rapazes e 41% afetou raparigas.
No ano passado, a APSI registou 12 afogamentos noticiados pela imprensa, sendo que sete terminaram com vítimas mortais.
JN