O futuro do Estádio Municipal de Braga é um tema urgente para o SC Braga, segundo o seu presidente, António Salvador, que, em entrevista ao jornal Record, avançou que o clube está a trabalhar com uma consultora para decidir se a melhor opção é renovar o estádio atual ou avançar para a construção de um novo.

“O estádio é um processo urgente. Na Assembleia Geral disse aos sócios que qualquer decisão teria de ser suportada em consultoras que nos pudessem ajudar na tomada de decisão. Estamos a falar com uma consultora, para depois tomar decisão com a Câmara se o melhor é renovar o estádio ou partir para outro”, afirmou António Salvador, sublinhando que a análise será partilhada com os sócios.

O líder dos arsenalistas voltou a ponderar a hipótese de um novo estádio, dependendo do parecer da consultora. "Se o parecer apontar para ficar e remodelar com este estádio, é o que faremos. Se o melhor for fazer um estádio novo, será a decisão a tomar. Estamos preparados para as duas situações”, disse.

Salvador deixou claro que a responsabilidade não pode recair apenas sobre o clube, reforçando que o estádio é propriedade da autarquia. "Este estádio é da autarquia. A câmara tem um problema aqui, o SC Braga também, mas não pode ser o SC Braga a resolver o problema da autarquia.” O presidente revelou que ainda não houve conversas com o novo autarca bracarense, João Rodrigues, sobre o assunto, mas garante: "até ao final desta época tem de haver uma decisão e os sócios têm de ser informados.”

A proposta de João Rodrigues 

A posição de António Salvador surge num momento em que o tema do Estádio Municipal tem sido debatido no contexto político local. Durante a campanha eleitoral, o candidato da coligação, João Rodrigues, havia defendido em entrevista à RUM uma solução que passava pela venda do Estádio Municipal ao SC Braga. “Tenho uma solução muito simples que é altamente perceptível para toda a gente e que é a mais ponderada. Estou absolutamente disponível para negociar a venda do estádio municipal ao SCB pelo valor necessário para reabilitar o Estádio 1º de Maio e a sua envolvente. Acho que é justo, é adequado, proporcional, é necessário e acho que todas as partes ficam bem se conseguirmos alcançar este acordo”, disse João Rodrigues à Universitária na altura.

Futebol Português. Salvador pede fim aos "egos pessoais"

António Salvador abordou a polémica que assola o futebol português, classificando o ambiente como “incendiado” e pedindo às lideranças que ponham fim aos "egos pessoais" para que o desporto possa progredir. “Hoje existe uma grande falta de confiança no futebol português e é urgente reparar essa falta de confiança”, disse o presidente do SC Braga. “É o momento dos presidentes pararem de pôr os seus egos pessoais à frente das instituições”, reforçou. Salvador estendeu a crítica à falta de proatividade dos líderes, sem atribuir culpas diretas: “Enquanto houver presidentes a pôr os interesses e os egos à frente das instituições e não defendam os interesses do futebol profissional e nacional, vai ser muito difícil esta questão da tranquilidade e da paz”. O presidente sublinhou a necessidade de união: "Não contem comigo para maltratar o futebol português" e disponibilizou-se para estar "numa linha da frente para criar uma união". O líder arsenalista também comentou a recente entrada da QSI (Qatar Sports Investments) na SAD do clube, assegurando que têm sido um "acionista muito solidário com a gestão, tem-nos transmitido confiança máxima e tem-nos reconhecido autonomia total”.

Confiança total em Carlos Vicens 

O tema da Cidade Desportiva também foi abordado na entrevista, com Salvador a lamentar o sub-reconhecimento do investimento. “Um clube que direciona, da sua área operacional, 70 milhões de euros para construir uma Cidade Desportiva... É uma situação que não é reconhecida. Estamos a competir em condições desiguais”. Em relação ao novo treinador, Carlos Vicens, António Salvador reiterou a confiança no técnico, apesar dos maus resultados iniciais na I Liga. “O Carlos Vicens é projeto de médio/longo prazo, assinou por três anos, vai cumpri-los e acredito até que Vicens possa continuar além desse contrato de 2028”, afirmou Salvador. “Nunca esteve em causa a continuidade de Carlos Vicens.” O presidente defendeu que a mudança na cultura de jogo é radical e que o tempo é necessário para a consolidação das ideias.

Sobre os objetivos, apesar do atual atraso pontual, Salvador acredita "que o SC Braga vai subir na tabela e acabar dentro dos lugares a que nos habituou”.

António Salvador, que se sente um "jovem presidente" aos 54 anos, tem quase 23 à frente do clube. Entre a exigência de uma decisão "urgente" sobre o Estádio Municipal, que não pode ser apenas um "problema da autarquia", e o apelo às lideranças do futebol português para que parem de pôr os "egos pessoais à frente das instituições", o presidente reitera a total confiança no projeto de Carlos Vicens. Salvador garante a estabilidade financeira do SC Braga e mantém inabalável a convicção de que o grande objetivo, ser campeão nacional, "vai acontecer naturalmente".

c/ Record