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Fotografia: Universidade do Minho
José Brás

Academia 26.08.2025 18H16

“Alteração do modelo de acesso não deve simplificar ou facilitar o acesso ao ensino superior”

Escrito por José Brás
Para o reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro, não se “pode prescindir do rigor que é necessário colocar nos critérios de admissão de estudantes”.
Palavras do reitor Rui Vieira de Castro sobre o decréscimo das inscrições e colocações referentes ao Concurso Nacional de Acesso, para o ano letivo 2025/2026:

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O reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro, discorda da opinião de que o modelo de acesso ao ensino superior deve ser “alterado, no sentido de simplificar ou facilitar o acesso”. Apesar de não avançar nenhuma avaliação sobre os possíveis fatores que levaram ao decréscimo de inscritos e colocados nas universidades públicas portuguesas, o responsável acredita que a discussão deve ser mantida.


O número de alunos inscritos no ensino superior público diminuiu, face a 2024. Este ano, o número total de estudantes inscritos fixou-se à volta dos 49 mil, menos 10 mil do que no ano anterior.


Os motivos apontados por diferentes estruturas são múltiplos. Desde o acesso à habitação a preços acessíveis aos elevados custos de vida, passando pelo modelo de acesso ao ensino superior, que voltou aos moldes pré-pandemia, ou seja, à reposição de um maior número de exames nacionais a contar para o ingresso.


Rui Vieira de Castro concorda que devem ser tomadas medidas, mas acredita que a “alteração do modelo de acesso não deve ser feita de forma a simplificar ou facilitar o acesso ao ensino superior” pela razão de que este é um “ensino de grande exigência e requer, nessa medida, que as pessoas que a eles chegam estejam bem formadas para poderem prosseguir os seus percursos académicos com efetivo sucesso”, diz.


Para o reitor, não se “pode prescindir do rigor que é necessário colocar nos critérios de admissão de estudantes”, mas deve-se pensar em medidas que melhorem a “fluidez entre o ensino secundário e o ensino superior”.

Rui Vieira de Castro acredita que se está a falar “de um assunto com implicações demasiado sérias para nos ficarmos por meras impressões”, mas também ele lança alguns motivos.


“Os custos que hoje a educação superior coloca às famílias poderão ser um fator de desmotivação e aqui a questão do alojamento é absolutamente crítica”, aponta, evidenciando ainda a quebra demográfica, embora reconheça que "quando olhamos para os estudantes que estão a terminar o ensino secundário não há uma variação tão significativa” ou, um terceiro motivo, “a transição entre o ensino secundário e o ensino superior, identificando a retenção no ensino secundário, como um fator que em larga medida explicaria a quebra de candidatos ao ensino superior”, acrescenta.


Quanto aos impactos deste resultado nas instituições de ensino superior, Rui Vieira de Castro diz que “são muito diferentes”. “Houve instituições que foram muitíssimo afetadas, houve instituições que foram afetadas, houve outras que foram apenas marginalmente afetadas”.


A questão também se coloca se observarmos os dados relativos à distribuição geográfica, com as instituições de ensino a serem mais penalizadas, e às áreas de formação.


De acordo com o reitor, o decréscimo sentiu-se na área da informática, que viu um decréscimo de cerca de 30%, assim como nas ciências físicas. No mesmo sentido, seguiram-se a área das ciências, a física e química. “Estes resultados só são compensados com a subida de número de candidatos colocados na área de formação de professores”, acrescenta.


O impacto mais óbvio é sentido nos recursos humanos, sobretudo, alocados a cursos sem procura. “Isso, evidentemente, é uma situação penalizadora para toda a gente, para as instituições, para os docentes e também para o nosso país”.


Apesar do decréscimo, UMinho é das instituições que mais capta estudantes


Este ano, a academia minhota teve 2700 estudantes colocados, um número que posiciona a Universidade do Minho no quinto lugar das universidades com mais estudantes admitidos. Por preencher ficaram 280 vagas que, apesar de ser um número "abaixo daquilo que é a redução global do sistema" não deixa de ser uma "redução importante".


De acordo com Rui Vieira de Castro, a Universidade do Minho  "tinha um resultado muito interessante", que rondava os 99% do preenchimento das vagas em 2024, sendo que, este ano, as colocações preencheram cerca de 90% das vagas disponíveis.

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