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FOTO: ABIC. Os bolseiros de investigação científica juntaram-se à manifestação nacional que decorreu em Lisboa, a 18 de março de 2023
Elsa Moura

Academia 04.04.2024 11H29

"A forma como tratamos os bolseiros de investigação diz muito como tratamos a Ciência"

Escrito por Elsa Moura
A vice-presidente da Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) afirma, em declarações à RUM, que o setor não tem sido bem tratado pelos sucessivos governantes. 
Declarações de Sofia Lisboa sobre o modelo, os exemplos no exterior e as fragilidades associadas aos doutorandos em Portugal

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“Portugal é uma exceção à regra” nos investigadores doutorandos já que em quase todos os outros países têm contratos de trabalho. Este fator é sublinhado pela vice-presidente da Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC), Sofia Lisboa, a propósito de uma das reivindicações centrais desta organização, o fim das bolsas e o lançamento de contratos de trabalho efetivos, medida que depende do governo.


No espaço de grande entrevista semanal, esta terça-feira à noite, a doutoranda em História Contemporânea sublinhou que neste momento "Portugal é já uma exceção à regra de valorização do trabalho dos investigadores doutorandos". "A maior parte dos países europeus, incluindo recentemente a vizinha Espanha, os doutorandos já não têm bolsas, têm contratos de trabalhos", explica. Na opinião da atual direção da ABIC, o contrato de trabalho "não é difícil do ponto de vista financeiro, nem propriamente revolucionário", uma vez que se trata de uma prática comum nos restantes países, sendo que em Portugal acontece apenas na área da Medicina.


Por isso, a ABIC sugere que "não há modelos exemplo", mas boas experiências que devem fazer com que Portugal não fique atrás no que respeita à valorização dos estudantes de doutoramento. 


A doutoranda admite ainda que a forma como os sucessivos governos tratam os bolseiros de investigação "diz muito da forma como se trata a Ciência em Portugal". A taxa de entrega de tese pode atingir os 500 euros, sendo que cada universidade estabelece o seu preço, algo que não faz sentido, na opinião da ABIC, uma vez que um doutorando que está a terminar o seu percurso "vai ficar sem bolsa e sem subsídio de desemprego" e ainda é obrigado a gastar mais este valor, sendo que a bolsa significa "contrato de exclusividade", impedido o bolseiro de fazer qualquer outro trabalho durante este processo até à defesa da tese.


O ministro Manuel Heitor e a ministra Elvira Fortunato [dos últimos governos PS] prometeram aos investigadores que este valor seria abolido, mas até agora isso não aconteceu, daí que esta seja a primeira reivindicação a apresentar ao ministro Fernando Alexandre, seguindo-se o fim do estatuto do bolseiro de investigação, referiu ainda Sofia Lisboa.

O valor da bolsa está fixado nos 1.200 euros, sem subsídios de férias e de Natal ou de desemprego no fim do período de trabalho. Entretanto, os bolseiros de investigação queixam-se de uma perda de poder de compra de cerca de 18%, o que leva a ABIC a exigir também um aumento superior. 


Sofia Lisboa avisa, desde já, que sem estas garantias por parte do novo ministro após esta primeira reunião de trabalho a agendar, "os bolseiros vão-se organizar para dar a resposta". Recorde-se que em 2023 os bolseiros realizaram um protesto nacional.


Nesta entrevista à RUM, a vice-presidente da ABIC deu conta de um conjunto de reivindicações e da necessidade de um encontro com o novo ministro, apesar de admitir também "pouca confiança" nas políticas já anunciadas pela Aliança Democrática para o setor.


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