Esposende desiste de residência universitária que tinha apoio de 2,8 ME do PRR

O município de Esposende desistiu da construção de uma residência universitária, que já tinha garantido um apoio de 2,8 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), disse hoje o presidente da Câmara.
Em declarações à Lusa, Carlos Silva alegou que a residência “não é uma necessidade premente” do concelho e que a população de Fão, freguesia prevista para a instalação do equipamento “não tinha sido ouvida”.
“Havia, até, uma significativa discordância da população de Fão”, referiu.
O autarca sublinhou ainda que o apoio do PRR não era a fundo perdido, mas apenas se tratava de “um empréstimo”, cujo reembolso teria de ser efetuado ao longo de 30 anos, através das rendas geradas pela exploração da residência.
O custo total do equipamento estava orçado em 3,7 milhões de euros, pelo que o município teria de assumir, a expensas próprias, mais de 900 mil euros.
“Era um valor muito significativo, no atual contexto do município”, referiu Carlos Silva, eleito em outubro, pelo movimento independente Mudança por Todos.
A obra tinha sido lançada a concurso pelo anterior executivo, de maioria PSD, mas não pareceu nenhum interessado.
“Agora, seria uma corrida contra o tempo, para a obra estar concluída dentro dos prazos exigidos pelo PRR”, disse ainda Carlos Silva.
O presidente da Câmara apontou ainda que não existe qualquer estudo de viabilidade que permita estimar o número real de estudantes do ensino superior em Esposende.
O município já tinha recebido do PRR um adiantamento de perto de 842 mil euros, que agora vai ser devolvido.
O projeto previa a construção de uma residência universitária no edifício da antiga sede da Junta de Freguesia de Fão, com capacidade para 82 camas.
O PSD de Esposende já se manifestou “completamente contra” a não construção da residência, por entender que seria um “investimento fundamental” para o reforço e consolidação do ensino superior público no concelho.
Para os social-democratas, a residência, além da sua função principal, iria permitir o início da requalificação urbana de toda a envolvente, bem como a dinamização e o estímulo da atividade económica da vila de Fão.
O Instituto Politécnico do Cávado e Ave tem em funcionamento, em Esposende, o Laboratório de Inovação e Sustentabilidade Alimentar (LISA), que conta com 170 alunos mas que, segundo Carlos Silva, dispõem de alojamento em Barcelos e transporte para Esposende.
Está também prevista, pela mão da Universidade do Minho, a instalação do Instituto Multidisciplinar de Ciência e Tecnologia Marinha na Estação Radionaval de Apúlia, igualmente em Esposende.
Lusa
