Encerramentos nos setores da moda fazem disparar o desemprego desde o verão 

O número de desempregados inscritos nos centros de emprego cresceu 4,5% em setembro para um total de 300 113 indivíduos, o que corresponde a mais 12 873 pessoas do que em igual mês de 2022 e mais 4752 do que em agosto. Os dados são do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e mostram que, em termos setoriais, o maior contributo para este crescimento veio das indústrias mais exportadoras, como o couro, o vestuário e os têxteis.

O aumento de 4,5%, em setembro deste ano face a igual mês do ano passado, é o maior desde a pior fase (mais mortífera) da pandemia de covid-19, desde o início de 2021, indicam dados divulgados ontem e as séries históricas com a estatística do IEFP compilada pelo Banco de Portugal.

Se não contarmos com o período da pandemia, é necessário recuar ao tempo da troika, da austeridade e do “enorme aumento de impostos”, até meados de 2013, para encontrar um aumento mais grave no número de desempregados.

O desemprego estava a cair desde meados de 2021, mas desde o final do ano passado que essa dinâmica começou a fraquejar, refletindo já o ambiente mais hostil da subida das taxas de juro e da inflação alta, que está a travar o consumo, o investimento e que pode mesmo levar a uma queda da economia no terceiro trimestre.

Na apresentação do Orçamento do Estado para 2024, o ministro das Finanças, Fernando Medina, congratulou-se com a “força do mercado de trabalho”, com o facto de “o emprego estar em máximos” o “desemprego baixo”.

No entanto, esse tempo pode ter acabado. A subir a ritmos superiores a 4%, como é o caso, e ultrapassando já os 300 mil casos, o desemprego registado pode deixar rapidamente de ser “baixo”.

Embora os números dos inscritos no IEFP estejam a crescer, consistentemente, desde julho, João Cerejeira, economista e docente da Universidade do Minho, desvaloriza essa trajetória, apontando antes para a origem do desemprego, fruto do abrandamento na indústria. “Há uma variação [homóloga] muito forte na parte industrial, sobretudo na parte da indústria exportadora. Isso já seria expectável, tendo em conta o abrandamento económico em alguns países europeus, nomeadamente a Alemanha”, defende. A prová-lo está o facto de o número de inscritos no IEFP destes setores estar a crescer já desde maio.

DN

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