Cerca de 30% dos médicos internos das ULS de Braga e Barcelos não voltaria a escolher Medicina

A maioria dos médicos internos que respondeu ao Inquérito de Satisfação do Internato Médico das ULS de Braga e Barcelos/Esposende está satisfeita com a especialidade, mas admite que não voltaria a escolher esta profissão por dificuldades em conciliar a carreira com a vida familiar, falta de tempo para estudar no horário laboral e condições de trabalho. O estudo realizado pela Conselho Nacional do Médico Interno (CNMI), da Ordem dos Médicos, foi divulgado esta quinta-feira.
Promovido pelo terceiro ano consecutivo pelo CNMI, o estudo enviado a 8.642 médicos internos pelo país, recebeu apenas 18%, (1.561)de respostas. Entre os inquiridos que responderam na região, 77,5%, em Barcelos, e 78,25%, na unidade de Braga, afirmam que voltariam a escolher a mesma especialidade. Embora estes números fiquem ligeiramente abaixo dos índices nacionais – de 79%, – os que voltariam a ingressar no curso de Medicina são melhores quando comparado com o resto do território nacional. Na ULS de Braga são 68,25% dos profissionais, enquanto em Barcelos/Esposende, este índice chega aos 70%.
O número de profissionais a recusarem frequentar novamente o curso de Medicina, que ultrapassam os 35% a nível nacional, não surpreendem o presidente do CNMI que disse à LUSA que espelham “os desabafos” dos jovens médicos. José Durão ressalta que muitos começam “a vida de especialista, com a expectativa de que vão ter um determinado nível de vida e perspetivas de carreira”, porém, o que encontram, segundo o dirigente, são “exigências laborais que não estão em equilíbrio com as exigências formativas”. “Estes fatores somados geram esta insatisfação que é diária e este sentimento de que poderiam estar a ser úteis e com outro nível de satisfação noutras áreas”.
Entre as instituições inquiridas, na região, os profissionais da ULS de Braga, que apontam uma boa relação de equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal são 62,5%, enquanto na ULS de Barcelos/Esposende este índice chega aos 65%, acima da média nacional, de 59,25%.
O presidente do Conselho Nacional do Médico Interno refere que para alterar este cenário, é preciso trabalhar em três eixos distintos: tempo, “para as pessoas estarem dedicadas só à sua formação teórica”, espaço, que tem a ver com “as condições de trabalho e as infraestruturas”, enquanto a pessoa, José Durão aponta ser preciso evitar situações de ‘burnout’ e buscar o bem-estar destes profissionais.
*Escrito por Marcelo Hermsdorf e editado por Elsa Moura
