Candidato do BE acredita que “o BRT não é solução” para a mobilidade em Braga

O candidato Bloco de Esquerda à Câmara Municipal de Braga, António Lima, apontou que o Bus Rapid Transit (BRT) não é solução para a mobilidade no concelho, considerando que das quatro linhas prometidas pela autarquia, apenas uma, a linha vermelha, “está no terreno”. Na ótica do bloquista, Braga deveria ter um “transporte coletivo intenso, em termos de frequência, mas de pequena dimensão”, sublinhando que a “geografia” local não comporta este sistema de transporte.

António Lima defendeu ainda que os Transportes Urbanos de Braga sejam gratuitos, com os autocarros a comportar no “máximo de 30 a 40 passageiros”, adaptados às dimensões das ruas da cidade. Na noite da última terça-feira, na grande entrevista à RUM na qualidade de candidato, António Lima sublinhou que a gratuitidade “serve para aliciar” novos passageiros, principalmente “aquelas pessoas que contam os euros para a gasolina no fim do mês”. “É evidente que as pessoas só tiram disponibilidade para usar o transporte público se tiverem frequência”, referiu.

Ainda sobre a mobilidade no concelho, a prometida obra no Nó de Infias pelo executivo liderado pelo Ricardo Rio, orçado em pelo menos 11 Milhões de euros e da responsabilidade da Infraestruturas de Portugal (IP), para o bloquista não vão resolver os problemas “do miolo da cidade”. O local, recordou, “é provisório desde que foi construído”, há “uns 20 e tal anos”.

O jurista de 72 anos, que já encabeçou a lista à CMB em 2005, afirmou que há outras “medidas relativamente ao trânsito interno da cidade que têm que ser tomadas”, como a criação de novas áreas pedonais, com mais arvoredo.



“Os interesses privados que estão em jogo na área destinada ao Parque das Setes Fontes são demasiado fortes”


Ainda sobre a necessidade de áreas verdes em Braga, António Lima vincou que ele assim como o Bloco de Esquerda sempre defendeu que a cidade a tranformação do espaço desde onde está atualmente o hotel Meliá, até a Grundig, que deu lugar a Bosch, em Lomar, que “deveria acompanhar o Rio Este todo e projetar-se em direção ao Picoto, que deveria ser uma reserva ecológica da cidade”. “Verdade é que, pouco a pouco, foram fazendo alguma coisa, pouca daquilo que defendíamos: o Rio foi sendo renaturalizado, ou seja, gastou-se dinheiro para uma coisa, agora está-se gastando dinheiro para outra”, criticou.

O Parque Ecomonumental das Sete Fontes, assim como o Parque Norte, “eventualmente as Ribeiras que circunda Braga e o próprio Rio Cávado, devia ser preservado”, afirmou. Mas, segundo o candidato, o que acontece é “pouco a pouco, tudo está a ser cedido à iniciativa privada para os mais diversos fins”. Apontando um certo “desinteresse” que o Parque Economonumental tem sido vítima, António Lima vincou que “os interesses privados que estão em jogo na área destinada ao Parque das Setes Fontes são demasiado fortes, demasiado pesados”.

Sem resolver o problema da Habitação, o bloquista aponta “listas de espera cada vez mais numerosas na BragaHabit para tentar resolver problemas”

Outro ponto que António Lima sublinhou durante a entrevista, que não tem recebido a devida atenção da autarquia bracarense, foi a habitação. Para o candidato, “uma das bandeiras do Bloco de Esquerda” tem sofrido com o que chama de “inércia do executivo nos últimos anos”. Enumera o subsídio de algumas rendas e a manutenção dos bairros sociais, como as ações realizadas pela Câmara Municipal neste tema.

António Lima sublinhou que é preciso “construir habitação”, “ir ao mercado”. Propõe a criação de uma “bolsa de terrenos” de propriedade da CMB e a disponibilização de terrenos para cooperativas de habitação ou facilitar a contratação de empréstimos bancários para construção. “Ou então para empresas da Construção Civil que queiram construir com o compromisso de fazerem habitação a preços comportáveis, principalmente para a classe média baixa”, referiu.

Na sua ótica, sem isso, vai existir “sempre esta situação de filas de espera cada vez mais numerosas na BragaHabit para tentar resolver problemas”, além de pessoas a viver em locais inadequados. Para António Lima, é preciso colocar o tema da habitação em discussão na cidade. Problema este que se confunde com os “salários baixíssimos” que são praticados “na restauração e na hotelaria”, especialmente para os jovens, que “não podem pagar as rendas que são praticadas em Braga”.


O bloquista ainda apontou que a AGERE, empresa responsável pela água, resíduos e saneamento de Braga, deve ser remunicipalizada. António Lima foi além e sublinhou que “nunca devia ter sido privatizada”. 

Tanto dinheiro que saiu do bolso dos munícipes vale menos que um jogador?

Sobre a venda do Estádio da Pedreira para o SC Braga, o candidato do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal de Braga defendeu uma investigação do ministério público aos negócios entre o município e o clube.

António Lima considerou que há muitos elementos por esclarecer, nomeadamente na cedência dos terrenos para a Cidade Desportiva e que houve uma “usurpação relativamente às áreas que ocupa no Parque Norte”.

Quanto ao valor em discussão para a venda do estádio municipal, António Lima diz que 20 milhões de euros é “praticamente de borla” e é sequer um valor significativo face a todos os benefícios do clube arsenalista. 

C/Elsa Moura

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Marcelo Hermsdorf
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Jornalista na RUM

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