Emigração portuguesa estabilizou nas 65 mil saídas em 2024. Sem previsões de descida, “solução é apostarmos na imigração”

No ano passado, 65 mil portugueses emigraram, com a Suíça a manter-se no topo dos destinos preferidos e o Reino Unido a não cativar mais do que 2766 pessoas, uma quebra de mais de 37% em relação ao ano anterior. As estimativas do Observatório da Emigração continuam a apontar para a heterogeneidade da emigração nacional, com países como a Suíça e a França a manterem uma emigração de mais baixas qualificações, enquanto a Suécia congrega sobretudo portugueses com o ensino superior: 63,6% dos portugueses emigrados naquele país tinham o diploma do superior, segundo os dados mais recentes que recuam a 2020/2021.
Em 2023, a emigração portuguesa tinha estabilizado nas 70 mil saídas, mas a estimativa do Observatório da Emigração é para que esse número tenha caído de forma pouco acentuada para os 65 mil, valor já atingido no passado (como em 2005 ou 2010), e que aponta para a manutenção de uma estabilização da emigração nacional, entre as 60 mil e as 70 mil saídas. Algo que se deve manter, explica Inês Vidigal, daquela estrutura: “Ou há uma alteração muito grande do mercado de trabalho, que não me parece que vá acontecer, apesar das promessas do primeiro-ministro de colocar o salário mínimo nos 1600 euros e o salário médio nos três mil euros, ou estes números devem manter-se.”
Ou seja, não há previsões de que a emigração possa crescer muito — a menos que algo disruptivo como uma nova crise económica ocorra —, mas também não se estima que ela possa diminuir significativamente, algo que a investigadora do Observatório da Emigração relaciona com as redes de apoio que foram criadas no passado e que facilitam a movimentação. “Quando houve a crise, a partir de 2010, 2011, criaram-se muitas novas redes de emigração para vários países e essas redes ajudam as pessoas a voltar a emigrar. Se sentem dificuldades, se não estão satisfeitos, recorrem a elas. Às vezes nem há uma vontade clara de sair, mas alguém que está fora diz que ali está muito bom, ou que tem uma boa proposta de emprego, e incentiva à partida”, afirma.
Para colmatar esta permanente saída de portugueses não restarão grandes alternativas ao mercado nacional de trabalho, acrescenta Inês Vidigal: “Como não parece provável que haja grandes mudanças a esse nível, que levem os portugueses a querer ficar, a solução seria apostarmos na imigração para colmatarmos o que nos falta em termos de mão-de-obra”, sublinha.
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