Mulheres nas engenharias e matemáticas ganham cada vez menos do que os homens

As mulheres com profissões nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharias e Matemáticas ganham, em Portugal, menos 16% do que os homens que têm características profissionais semelhantes, seja ao nível da idade, escolaridade ou regime de tempo de trabalho. E o fosso salarial tem mesmo aumentado, ao contrário do que se passa noutras profissões. Nesta segunda-feira assinala-se o Dia Internacional das Mulheres na Engenharia.
Dados do Observatório Género, Trabalho e Poder, a que o PÚBLICO teve acesso, comparam 2010 e 2023 nas chamadas profissões CTEM, que não só são consideradas essenciais no crescimento económico sustentável como são das que melhor pagam aos trabalhadores.
Amélia Bastos, João Cruz e Sara Falcão Casaca, professores do ISEG, calcularam de duas formas o também designado “gender pay gap” (GPG). Primeiro: o GPG básico, que avalia o diferencial de ganhos entre mulheres e homens relativamente aos ganhos dos homens. Assim calculada, a diferença salarial nas CTEM é de 15,86%.
A segunda forma de calcular é através do GPG ajustado, que tem em conta as características individuais dos trabalhadores, nomeadamente a idade, antiguidade, escolaridade e regime de tempo de trabalho. Desta forma, mais rigorosa, segundo explica ao PÚBLICO Amélia Bastos, a diferença salarial entre homens e mulheres nas CTEM passou de 10,51%, em 2010, para 16,05%, em 2023. Dito de outro modo: por cada euro ganho pelos homens engenheiros, matemáticos, físicos, especialistas em informática… as mulheres ganham, em média, 86 cêntimos.
Se forem contempladas todas as profissões que existem em Portugal, de todas as áreas, o fosso salarial era em 2010 de 22,78% e passou para 17,55%. Mas está a baixar.
Entre as CTEM, “a engenharia sobressai como sendo aquela em que existe um diferencial remuneratório mais penalizador para as mulheres”, lê-se no boletim que será publicado nesta segunda-feira. “Em 2023 as mulheres desta área ganhavam cerca de 14% menos do que os homens com as mesmas características.”
Além das diferenças salariais, é evidente a baixa proporção de mulheres no conjunto dos trabalhadores CTEM – menos de um terço do total. “Os domínios CTEM permanecem predominantemente masculinos”, afirma, em declarações ao PÚBLICO, Sara Falcão Casaca, coordenadora do Observatório, no ISEG.
c/Público
