Liberdade ganha voo no espetáculo ‘Se Uma Gaivota Viesse’
Baseado no romance ‘Fernão Capelo Gaivota’, de Richard Bach, e com inspiração na escultura ‘O Vigilante’, de Alberto Vieira (exposto na Rua do Castelo, em Braga), ‘Se uma gaivota viesse’ sobe ao palco da sala principal do Theatro Circo, esta quarta-feira, pelas 21h30.
Em cena, a luta pela liberdade é contada através da figura da ave, dos grandes voos e da necessidade do desapego de modo a voar mais livremente. Aos microfones da RUM, o encenador Hugo Direito Dias explica que a obra “apresenta uma gaivota que pertence a um bando com o qual ela não se identifica e vai tentar que o seu ponto de vista seja disseminado pelo bando”.
A personagem central é confrontada pela Crítica, “que materializa a censura, a crítica ou a opressão vivida no Estado Novo”. Por outro lado, ressalta, interage com a Flor de Cravo, que “personifica o entusiasmo, a esperança, aquilo que estava adormecido no povo e que foi libertado com o surgimento das ideias defensoras de revolução e de liberdade”, adianta Hugo Direito Dias. A peça apresentada pela Academia de Teatro Tin.Bra é parte do Festival Braga En’Cena.
Segundo o encenador, no espetáculo, os atores “utilizam um ou outro elemento que conduz o público para o ser gaivota”, mas refere que a gaivota sai de cena para dar “ênfase ao ser humano e ao povo português”. “A liberdade também é uma personagem que intervém no espetáculo através do fado, que tem a ver com as raízes de Portugal, com as raízes do nosso povo e que nos define”, ressalta.
Tiago Guimarães e Francisca Sobrinho interpretam a Crítica e a Flor de Cravo, respetivamente, e interagem com a personagem principal. Para os atores “nunca é demais falar de liberdade”. O intérprete do antagonista recorda que a peça é “uma crítica social, feita de uma forma muito original, mas não deixa de ser uma crítica”. Já Franscisca Sobrinho sublinha que por ser “um tema tão presente no povo português, acabará sempre por se emocionar com aquilo que está a ver”, conclui.
*Escrito por Marcelo Hermsdorf e editado por Elsa Moura
