UNU-EGOV quer passar a instituto e lançar doutoramento com a UMinho

Instalada há cerca de dez anos em Guimarães, a unidade operacional em Governação Eletrónica da Universidade das Nações Unidas (UNU-EGOV) já iniciou conversações com o estado português para que este polo seja reconhecido como instituto. A diretora, Delfina Soares, diz ter uma “expectativa elevada” na concretização deste objetivo, que permitirá ter “equipas maiores e capacidade de produzir ainda mais resultados”.

Eleito reitor da UNU em março de 2023, Tshilidzi Marwala visitou, pela primeira vez, a UNU-EGOV, onde manifestou o desejo de fortalecer a ligação desta unidade às universidades portuguesas, nomeadamente à UMinho. “Um dos meus sonhos é ter um programa de doutoramento conjunto com uma das universidades em Portugal”, acrescentou. De acordo com Delfina Soares, os responsáveis pretendem propor ao reitor da UMinho, Rui Vieira de Castro, “um programa de doutoramento conjunto, na área da governação digital”.

Aproveitando a presença do reitor da UNU e subsecretário-geral das Nações Unidas em Portugal serão realizadas várias reuniões de trabalho, nomeadamente com responsáveis políticos.

Para Tshilidzi Marwala, a UNU-EGOV “é um instituto muito importante”, desde logo, porque “a tecnologia digital está a definir muitas sociedades”. “Como Nações Unidas, queremos moldar essa transformação digital. No próximo ano, teremos o Pacto Digital Global, que tratará de questões de governação das tecnologias digitais, incluindo a inteligência artificial, e Secretário-Geral, António Guterres, está a estabelecer o Conselho Consultivo de Alto Nível sobre Inteligência Artificial, sendo a UNU-EGOV muito importante nessa conversa”.

O reitor da UNU, que vai reunir com ministros e deputados portugueses, considera que “o Governo é uma parte muito interessada” nestes temas. “Quando lidamos com questões de transformação digital de forma generalizada, com base nos valores dos direitos humanos, o Governo deve estar na conversa”, frisou.

A UNU-EGOV tem trabalhado com muitos países, sobretudo em África, onde ajudam a implementar “projetos de muito alto nível na definição daquilo que são as suas estratégias de governação digital”, ou seja, uma linha orientadora de como “o país deve investir, trabalhar, desenvolver esta área no curto, médio e longo prazo”. Estes projetos têm sido estabelecidos em São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Cabo Verde e, em breve, há a possibilidade de “iniciar com Moçambique”.

“A edição da conferência de 2024 vai ser organizada em colaboração com a Universidade da África do Sul, temos outros projetos com o Uganda e estamos a discutir projetos com o Ruanda”, acrescentou Delfina Soares, dando nota ainda de projetos de capacitação e formação para altos cargos do Governo do Egito.

Para a diretora, a UNU-EGOV deve ser encarada pelas instituições portuguesas como um parceiro estratégico para a inovação e desenvolvimento de áreas de governação eletrónicas tão diversas como a prestação de serviços públicos online aos cidadãos, simplificação administrativa, inclusão digital, literacia digital, participação cívica, governação inteligente de cidades e comunidades.

Prestes a completar dez anos de atividade em Portugal, a UNU-EGOV quer apostar num crescimento sustentado, alargar a rede de colaboração e apostar na investigação de excelência. 

Reitor da UNU ouvido na Assembleia da República na quarta-feira

O reitor da UNU será recebido pelo presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Domingos Bragança, nos Paços do Concelho, onde decorrerá uma reunião com a participação do presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, António Cunha, e do reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro.

No dia 17 de outubro, terça-feira, o reitor da UNU, Tshilidzi Marwala, estará em Braga, onde será recebido pelo reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro, na Reitoria, no Largo do Paço.

No mesmo dia, no período da tarde, Marwala tem encontro marcado com a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, em Braga.

No dia 18 de outubro, quarta-feira, o reitor da UNU, Tshilidzi Marwala, e a diretora da UNU-EGOV, Delfina Soares, serão ouvidos, em audição parlamentar conjunta, em sede da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas da Assembleia da República, em Lisboa.