Universitários estão alheados da vida cultural bracarense

Os estudantes do ensino superior estão alheados da vida cultural bracarense. Esta é uma das conclusões do estudo encomendado pelo Município de Braga, no âmbito da candidatura a Capital Europeia da Cultura 2027, o “Públicos da Cultura de Braga. 2º semestre de 2020”, realizado pelo Observatório de Políticas de Ciência, Comunicação e Cultura da Universidade do Minho.
A equipa composta por sete investigadores realizou dois questionários: um direcionado para os públicos de Braga e outro para o público escolar e académico.
De acordo com Manuel Gama, investigador responsável pela área das políticas culturais do Observatório, o consumo de cultura em Braga acompanha o panorama nacional, ou seja, é “reduzido”.
Em declarações ao UMinho I&D, o entrevistado refere que muitas vezes existe um “problema de relação entre os espaços e o público”.
Os cidadãos na faixa etária dos 40 anos são aqueles que, na cidade dos arcebispos, têm mais praticas culturais.
No que toca aos equipamentos mais conhecidos e frequentados pelos bracarenses, o Theatro Circo lidera seguido da Centésima Página e do Gnration. Até ao 12º ano existe uma relação interessante com o público escolar.
O estudo deixa claro uma discrepância entre as freguesias do centro como S. Vítor e da periferia como Ruílhe ou Vilaça e Fradelos no que toca ao consumo de cultura. Para que exista realmente uma mudança de paradigma, o investigador defende uma oferta cultural descentralizada e uma verdadeira estratégia de mobilidade, de modo a facilitar o acesso à cultura. Manuel Gama explica que a autarquia e os agentes culturais não podem optar por apostar no centro do concelho e não apresentarem soluções para que os cidadãos da periferia consigam deslocar-se para usufruir dos mesmos. “Com isto estamos a criar problemas no acesso à cultura”, declara.
Outra das necessidades está relacionada com a criação de mais equipamentos culturais, mas fora do centro da cidade dos arcebispos. “É preciso olhar para o território como um todo” para não correr o risco de centralizar tudo num raio pequeno e as freguesias voltam “a ficar sem espaços com condições para ter programação cultural”.
Recorde-se que nos próximos anos vão nascer em Braga o Media Arts Center, Centro Cultural Dr. Francisco Sanches e o Museu de Arte Contemporânea. Veja aqui que a CEC vai trazer realmente de novo à cidade dos arcebispos.
O Observatório alerta também para a necessidade de repensar a estratégia para alguns museus da cidade, de modo a que as pessoas “tenham vontade de atravessar a porta e conhecer” os seus conteúdos.
