“Uniram três freguesias completamente diferentes e não ouviram a população”

A União das Freguesias de Real, Dume e Semelhe “não faz sentido”, na opinião do autarca atual, Francisco Silva já que a população está contra a agregação desde o início. Em sede de Assembleia Municipal, Braga já aprovou a desagregação que passa a estar nas mãos do Parlamento.
Na última noite, em entrevista à RUM, o presidente daquela união de freguesias falou numa questão de princípios, considerando que o poder político “deve ser fiel àquilo que a população quer”. “Desde o início, a forma como ela foi feita não foi a melhor, porque a população não foi auscultada e isso às vezes cria algumas situações mais complicadas porque parte da população nunca aceitou muito bem o facto de perderem uma referência em termos de sede junta de freguesia”, começa por justificar.
Francisco Silva considera que quem tomou esta opção política uniu freguesias com “realidades distintas”, já que Real é uma freguesia “urbana”, Dume “medianamente urbana” e Semelhe “tipicamente mais rural”.
Sustentando que “nenhum serviço foi fechado”, assinala o trabalho de equipa desde o início com os autarcas que representavam respetivamente Real, Dume e Semelhe. Uma estratégia que permitiu continuar a aproximar a população e a escutar as suas reivindicações, na sua opinião. “Não houve grande fragilidade porque, felizmente, tive colegas muito bons e com experiência a acompanhar-me”, nota.
O presidente da União de Freguesias de Real, Dume e Semelhe, assume que é preciso uma melhor articulação entre as freguesias e o Município de Braga na resposta que é preciso dar ao território, nomeadamente no aspeto das infraestruturas. Francisco Silva lamenta que nalgumas situações e face à demora na resolução de pequenos arranjos, a união de freguesias já opte por resolver de forma autónoma o problema denunciado, nomeadamente um “abatimento no passeio”. “Mas há outras [denúncias] que não conseguimos porque dependemos de outras entidades. (…) “Às vezes chegam-nos situações que não são da nossa responsabilidade. Mas muitos eleitores avisam que o representante é o presidente da união de freguesias, portanto, quando há um problema é ele quem tem que o comunicar”, exemplifica.
Está prevista uma nova superfície comercial para as imediações do Estádio Municipal, em Dume
Na zona de Dume são vários os equipamentos comerciais instalados “atraindo e valorizando a freguesia”. Junto ao estádio está ainda prevista a construção de outro hipermercado.
“É uma zona que tem boas acessibilidades, mas vão todas esbarrar a Infias. A zona é boa, mas quantos mais equipamentos tivermos, mais constrangimentos vamos ter”, admite.
“Estou disponível para o PS em 2025”
Francisco Silva é presidente desta união de freguesias desde 2013. Independente, concorreu sempre com o apoio do Partido Socialista. Antes de se despedir o executivo, em 2025, espera concretizar os principais compromissos que assumiu nas últimas eleições. “É a rotatividade. Estão a ser três mandatos de muito trabalho e de muitas realizações. Podíamos ter feito mais e ainda temos muito que trabalhar, quero sair com o máximo de trabalho realizado”, respondeu, quando questionado sobre esta fase de despedida. Por enquanto, Francisco Silva diz que o foco é trabalhar e refere que não está ainda identificado o candidato que lhe poderá suceder.
Sem cartão de militante do Partido Socialista, Francisco Silva assume que está disponível para ajudar o partido no processo autárquico de 2025. “Se acharem que eu sou útil a desempenhar outras funções, certamente estarei disponível”, afiança.
Nesta mesma entrevista à RUM, o presidente da união de freguesias alertou ainda para a necessidade de resolver rapidamente a construção da Variante do Cávado, processo que resolveria um conjunto de constrangimentos relacionados com o trânsito na cidade, nomeadamente em Real.
