UMinho mantém número de vagas de Medicina apesar de poder aumentá-lo até 15%

Seguindo a tomada de posição do Conselho das Escolas Médicas Portuguesas, a Escola de Medicina da Universidade do Minho vai manter o número de vagas. O crescimento do número de médicos sem especialidade e o comprometimento da qualidade do ensino são os principais motivos invocados.

Pela primeira vez numa década, o Governo autorizou o aumento de vagas, até 15%, para os cursos de Medicina no próximo ano lectivo. No entanto, o Conselho de Escolas Médicas Portuguesas recusa avançar com esse cenário, que é opcional, referindo que procurou reunir com Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, para debater o assunto, algo que não veio a acontecer.

Em declarações à RUM, o presidente da Escola de Medicina da academia minhota explica que “a assumpção de que a abertura de mais vagas para estudantes de Medicina se traduz num aumento de médicos a trabalhar no sistema de saúde português é errada”, lembrando que, no ano passado, cerca de 25% dos estudantes que terminaram a sua formação nas escolas médicas portuguesas “não tiveram acesso a qualquer vaga no internato complementar”.

Para tentar combater este cenário e “injectar mais profissionais nos sistemas de saúde”, Nuno Sousa considera que “o aumento da capacidade formativa nas instituições prestadoras de cuidados de saúde e uma melhor distribuição de médicos pelo país e pelas diferentes especialidades são medidas absolutamente urgentes”.

Além do aumento do número de médicos sem especialidade, de acordo com o presidente da Escola de Medicina, a abertura de mais vagas “colocaria problemas do ponto de vista pedagógico, ou seja, da qualidade formativa”, atendendo a que o número de estudantes de Medicina e o número de profissionais por habitante estão “claramente acima da média europeia”.

“É uma medida que nos parece também extemporânea, sobretudo numa altura em que estamos a dar uma resposta a uma crise pandémica, onde vamos ter de enfrentar inúmeras incertezas relacionadas com a capacidade formativa no próximo ano, em que haverá muitas restrições”, acrescenta.

“Não faz sentido nenhum que o curso de Medicina não possa receber estudantes internacionais”

No comunicado divulgado pelo Conselho de Escolas Médicas Portuguesas, é referido que, no dia 29 de Maio, foi enviada uma carta aberta ao ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, pedindo para ser consultado com o intuito de “esclarecer a tutela sobre as muitas especificidades” que o curso tem.

Outra das questões que deveria ser invertida, segundo o presidente da Escola de Medicina da Universidade do Minho, é a interdição do curso a estudantes internacionais. “Não faz sentido nenhum que, em Portugal, a única área de formação que não pode receber estudantes internacionais seja Medicina”.

Recordando que é uma medida “defendida há vários anos”, Nuno Sousa refere que “a presença de estudantes internacionais poderia adicionar riqueza formativa e uma maior sustentabilidade para projectos educativos”.

A academia minhota recebe todos os anos 140 novos estudantes: 120 pelo Concurso Nacional de Acesso e 20 pelo regime especial destinado a alunos licenciados.

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Tiago Barquinha
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Carolina Damas
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