UMinho cria jogo de realidade virtual para treinar competências emocionais

Melhorar as competências emocionais dos estudantes de enfermagem. Este é o objetivo do projeto europeu “Serious Games for nursing students”, financiado em 207 mil euros pelo Programa Erasmus+. O trabalho junta, em Portugal, a Universidade do Minho, o IPCA e o Politécnico de Bragança, assim como as academias de Génova (Itália), León (Espanha), Malta (Malta) e Suceava (Roménia).
Este protótipo, em que 40 alunos do 3º e 4º anos de Enfermagem foram desafiados a entrar numa realidade virtual a partir de óculos 3D, pretende colocar à prova as emoções dos estudantes.
Em entrevista ao UMinho I&D, Lisa Alves Gomes, professora na Escola de Enfermagem da UMinho, explica que os ambientes criados para estes “Serious Games” não estão relacionados com contextos clínicos. “O cenário é, por exemplo, uma casa com aspeto de estar assombrada. Queríamos provocar no jogador emoções como medo, surpresa, repulsa ou raiva. Emoções com as quais temos de lidar no nosso dia-a-dia. A ideia é treinar a gestão dos sentimentos e o pensamento crítico para a tomada de decisão”.
Após esta experiência, os participantes participaram num curso de 30 horas em que a ideia passa por partilhar experiências, ou seja, o que sentiram perante cenários que provocaram emoções como tristeza e como podem alterar o seu comportamento. Estas questões são analisadas a partir de três componentes: neurofisiologia, comportamento e cognição.
Antes e seis semanas depois de entrarem no universo dos “Serious Games”, todos os participantes realizam um questionário. De acordo com a investigadora, Lisa Alves Gomes, todos os estudantes demonstram melhorias em termos de “autoconsciência” das suas emoções. Brevemente será publicada uma análise estatística dos resultados obtidos durante a experiências, sendo que o projeto termina em dezembro.
UMinho recebeu congresso internacional que juntou 250 participantes de dez países.
No passado mês de outubro, a UMinho recebeu o congresso internacional “Serious Games & Emotional Competence in Higher Education”, que juntou 250 participantes de dez países. Testemunhos e estudos que demonstram a importância da gestão emocional.
“Ouvimos situações em que os profissionais entraram em burnout ou mesmo suicídio. Um colega do Chile está a estudar o suicídio em estudantes de enfermagem e nos profissionais de saúde. Com a pandemia estas realidades aumentaram, assim como o abandono da profissão de enfermeiro e médico, por isso queremos utilizar este jogo para ajudar os alunos a gerir melhor as suas emoções”, frisa.
Para a docente os “Serious Games” podem ser adaptados e uma mais valia na formação no curso de Medicina ou Criminologia. Lisa Alves Gome não coloca de parte a possibilidade que vir a implementar esta “inovação pedagógica” no curso de Enfermagem da UMinho.
