“Um círculo de compensação nacional iria contribuir para o equilíbrio num país injusto”

Um “círculo de compensação nacional iria de alguma forma contribuir para um equilíbrio num país que é profundamente injusto em várias outras áreas”. A premissa é defendida pelo professor do ICS – Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, Luís António Santos, em entrevista ao UMinho I&D.

Este é um mecanismo que já existe nos Açores, onde permitiu a eleição de um deputado da Iniciativa Liberal, Bloco de Esquerda e PAN.

Em Portugal Continental, a título de exemplo, em Portalegre serão eleitos apenas dois deputados, ou seja, apenas os grandes partidos vão conseguir representantes na Assembleia da República.

É importante reconhecer que vivemos num mundo diferente e fazer adaptações. O problema é que só falamos dessas possíveis mudanças em cima das votações

Luís António Santos acredita que um círculo de compensação poderia ser uma forma de incentivar um maior número de pessoas a votar. “Seria bom que no sistema eleitoral houvesse, pelo menos, uma tentativa de reequilibrar as coisas. Talvez desta forma, os partidos não se lembrassem apenas destas regiões de 4 em 4 anos”, refere.

Nas últimas eleições terão sido 730 mil os votos que não serviram para eleger qualquer deputado. Pelo círculo eleitoral de Braga concorrem 17 partidos, sendo que serão eleitos 19 deputados.

Questionado sobre a relevância dos principais partidos falarem em ´voto útil`, o docente frisa que o ´voto útil` só interessa às duas principais forças políticas. “Se olharmos para alguns distritos, não adiantará muito aos cidadãos votarem em alguns partidos porque não há eleitores suficientes para esse voto eleger alguém”, o que o docente considera que “não é aceitável”.

Quanto a novas formas de voto, nomeadamente o eletrónico, o académico considera que já existem sistemas de confiança para facilitar o processo para pessoas, a título de exemplo, com mobilidade reduzida. “Temos em Portugal conhecimento técnico suficiente para garantir um bom sistema”, avança. Porém, frisa que não é favorável a “uma mudança total”.

Já quanto ao dia de reflexão, Luís António Santos defende que, na atualidade, não faz sentido. O motivo deve-se ao facto de os partidos poderem publicar no Youtube ou redes sociais conteúdos relacionados com política e as entidades reguladores não terem capacidade para identificar este tipo de interferências. Além disso, as pessoas que decidiram optar pelo voto antecipado não beneficiaram deste dia de reflexão.

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Vanessa Batista
Vanessa Batista

Jornalista na RUM

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