Um ano depois, ventilador Atena ainda não foi utilizado nos hospitais

É um processo que se arrasta há praticamente um ano. O ventilador Atena, desenvolvido em 45 dias, entre março e abril de 2020, pelo Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CeiiA) e pela Universidade do Minho, ainda aguarda validação por parte da Comissão de Ética para a Investigação Clínica (CEIC) e do Infarmed.
Neste momento está em vigor a autorização excecional condicionada para a sua utilização no Serviço Nacional de Saúde, concedida pelo regulador português há dez meses. O objetivo passava por auxiliar o tratamento de doentes adultos infetados pelo SARSCoV-2 em situações de emergência, em caso de indisponibilidade ou inexistência de ventiladores certificados. No entanto, esse recurso ainda não foi utilizado. Em declarações à RUM, José Miguel Pêgo, o responsável da academia minhota por este projeto, refere que o processo de validação está na “fase final”.
Antes da certificação definitiva do aparelho por parte do Infarmed, falta ainda uma autorização para a realização de um estudo clínico do Atena com doentes no Hospital de Santo António, no Porto, e no Hospital de Braga. O pedido submetido em agosto está a ser apreciado pela CIEC. “O ventilador ainda não foi utilizado em doentes, apenas em testes laboratoriais mecânicos e em testes de validação animal”, acrescenta.
O modelo 1 do Atena teve por base uma candidatura ao programa INOV-COVID da Agência Nacional de Inovação, cujo financiamento é 100% reembolsável e através do qual o CEiiA recebeu um ‘empréstimo’ no valor de 2,6 milhões de euros, que será devolvido conforme as vendas do ventilador no mercado internacional. Já foram desenvolvidos cerca de 800 exemplares, 100 dos quais destinados ao Serviço Nacional de Saúde e uma parte deles exportados para o Brasil, onde também aguardam autorização.
Com o primeiro modelo do ventilador ainda a aguardar luz verde, o CEiiA e a Universidade do Minho estão, neste momento, a desenvolver uma versão otimizada. “Estamos a apostar numa versão mais atualizada do dispositivo, o Atena 2, que é mais apelativa em termos visuais, mas também em termos de tecnologia”, refere o vice-presidente da Escola de Medicina.
