Volume de tratamentos do enfarte agudo do miocárdio aumenta em 2020

O número de intervenções iniciais no tratamento do enfarte agudo do miocárdio cresceu ligeiramente. Segundo o Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção, foram realizadas 3.817 angioplastias primárias no ano passado, um aumento de 2,5% em relação a 2019. 77% dos doentes foram homens e a média de idades situou-se nos 66 anos.
Associado a estes dados, o Instituto Nacional de Emergência Médica encaminhou 696 casos relacionados com este problema para os hospitais através da Via Verde Coronária, mais 27. Os distritos com maior incidência foram Lisboa, Porto e Faro, com 156, 132 e 72 casos, respetivamente. Em particular, os Hospitais de Braga, com 92, o Centro Hospitalar e Universitário do Algarve, com 72, e o Centro Hospitalar e Universitário São João, 71, foram as unidades hospitalares que receberam o maior número.
Em declarações à RUM, o presidente da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC) faz um balanço positivo destes números, que vêm contrabalançar, no seu entender, com “o terror que se vê na televisão” relativamente a outros “problemas de saúde”. “Em ano de pandemia, os doentes coronários não deixaram de ser tratados”.
Números cresceram ao longo do ano
Para se atingir este registo de intervenções, João Brum Silveira enaltece “o trabalho de sensibilização que foi necessário fazer”, já que, entre 18 de março e o final de abril, houve “uma redução muito marcada do tratamento de enfartes de miocárido no país todo”. A partir daí, o cardiologista explica que, subordinadas à campanha ‘Cada Segundo Conta’, foram feitas publicações nas redes sociais e que se “alertou as pessoas, através da comunicação social, para a existência de um problema”.
“Os doentes estavam com medo [por causa da Covid-19]. Mudamos a linguagem e conseguimos reverter a situação”, acrescenta, enaltecendo que a Via Verde Coronária e os laboratórios de hemodinâmica, onde se efetua o tratamento do enfarte agudo do miocárdio, são “seguros” e “continuam a funcionar a 100 por cento, 24 horas por dia, sete dias por semana”.
Apesar de os dados relativos à mortalidade em 2020 ainda não estarem disponíveis, de acordo com a APIC, em média, cerca de 4% das pessoas que sofrem deste problema morrem em contexto hospitalar. Os números aumentam para 30% nos casos em que não existe assistência.
O enfarte agudo do miocárdio ocorre quando uma das artérias do coração fica obstruída, o que faz com que uma parte do músculo cardíaco fique em sofrimento por falta de oxigénio e nutrientes. Não fumar, reduzir o colesterol, controlar a tensão arterial e a diabetes, fazer uma alimentação saudável, praticar exercício físico, vigiar o peso e evitar o stress são as atitudes recomendadas para inibir o aparecimento desse problema.
