Trabalhadores do Hospital de Braga exigem ACT e salários dignos

Centenas de funcionários do Hospital de Braga estão esta terça-feira em greve. Esta é a segunda manifestação desde Outubro de 2019 altura em que os assistentes técnicos estiveram reunidos em frente ao Ministério da Saúde, em Lisboa. À data a Ministra da Saúde, Marta Temido, tinha prometido resolver o mais rapidamente possível a problemática, mas até ao momento nada foi feito.
Os trabalhadores que reuniram em protesto na entrada principal da unidade de saúde gritaram as suas reivindicações que passam pela integração do Acordo Colectivo de Trabalho (ACT) que está patente a todos os hospitais públicos do país, normalização de salários e a consideração das 35 horas como horários completos.
Recorde-se que o Hospital de Braga é desde Setembro EPE – Entidade Pública Empresarial- contudo, segundo o coordenador do Sindicato em Funções Públicas e Sociais do Norte (STFPSN) continua sem ser aplicado o ACT. Actualmente 803 trabalhadores são afectados por esta problemática.
Orlando Gonçalves condena o facto dos trabalhadores estarem a trabalhar 40 horas semanais em vez de 35 horas. Para além disso o sindicalista alerta para a crescente “desigualdade”, uma vez que a unidade de saúde tem vindo a contratar novos profissionais que em início de carreira recebem 683,13 euros enquanto profissionais com mais de 10 anos de casa levam para casa 635 euros. Orlando Gonçalves denuncia também o facto de em alguns casos assistentes técnicos estarem a receber verbas abaixo do salário mínimo nacional.
Aos jornalistas o coordenador do STFPSN anunciou que durante a noite foi registada uma adesão de 100% nas urgências do Hospital de Braga. Neste momento o valor ronda os 80% sendo que os sectores mais afectados são as consultas externas, cirurgias programadas e colheitas de sangue.
Orlando Gonçalves realça também que esta greve ocorreu devido à falta de resposta da parte da Administração do Hospital de Braga quanto à “marcação de uma data para a subscrição de adesão ao Acordo Colectivo de Trabalho” porém “infelizmente ninguém nos ouviu”.
Sandra Barros, assistente operacional há mais de 10 anos no Hospital de Braga, foi uma das funcionárias que decidiu demonstrar o seu descontentamento. Apesar da sua experiência refere que recebe o salário mínimo nacional o que dificulta provoca “desigualdades e dificuldades às famílias”. Sandra Barros será uma das que irá deslocar-se, esta quinta-feira, à capital para mais uma vez “fazer chegar à Ministra da Saúde o nosso descontentamento”.
Entretanto a Administração do Hospital de Braga já reagiu em comunicado enviado às redações. Fique a conhecer aqui o documento completo.
“Na sequência do processo de adesão aos Acordos Coletivos de Trabalho (ACT), o Hospital de Braga remeteu uma minuta de acordo a todos os sindicatos para que manifestassem a sua intenção de adesão. Em resposta a esta comunicação, o Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte solicitou uma reunião e a definição de uma data para a adesão aos ACT.
Tendo em conta que este processo será remetido para aprovação Ministerial e que culminará com a sua publicação no Boletim do Trabalho e Emprego, não é possível ao Conselho de Administração definir uma data para a conclusão do mesmo.
O Hospital de Braga lamenta que o actual período vivido a nível nacional seja utilizado pelo Sindicato para mediatizar as suas reivindicações. De reforçar que, como hospital de referência para casos suspeitos de infeção por coronavírus, independentemente da greve, o Hospital de Braga está preparado
e prestará todos os cuidados necessários à população.
O Conselho de Administração procurou, desde sempre, garantir uma aproximação às preocupações dos seus profissionais e tem envidado todos os esforços nesse sentido”.
