Tiago Rodrigues diz que apoio à Cultura em Portugal “é ridículo”

Tiago Rodrigues, director do Teatro Nacional D. Maria II, diz que o apoio à Cultura em Portugal é “ridículo”, quando comparado com “qualquer outro país europeu”.
“Não precisávamos da pandemia para ser óbvio que, em Portugal, épreciso finalmente apoiar a Cutura. Trata-se de garantir um serviço público consagrado na Constituição e no qual não há investimento público. É ridículo”, afirmou.
O encenador estreou, este fim-de-semana, uma peça no CCFV, “Catarina e a beleza de matar fascistas”, com duas sessões esgotadas. Tiago Rodrigues diz que o interesse do público em consumir cultura deve servir de “alerta para os decisores políticos”.
Apesar da retoma que se vai sentido no sector, com os espetáculos a regressarem aos palcos, o director artístico não esquece “as dificuldades” que persistem. “Não é o facto de estarmos a retomar os espectáculos que resolveu a vida do sector da Cultura”, apontou. Para o vencedor do Prémio Pessoa 2019, a pandemia veio “levantar o véu das fragilidades crónicas do sector e essas não podem ser maquilhadas por um regresso às salas do público”. “O ‘vai correr tudo bem’ ainda é distante”, asseverou.
“É necessária muita coragem para perceber que o lugar da Cultura é igualmente importante”
Sara Barros Leitão é uma das vozes da representação que adopta muitas vezes uma posição crítica em relação às medias do Governo para o sector da Cultura.
A actriz portuguesa diz ser necessária “muita coragem para perceber que o lugar da Cultura é igualmente importante, embora uma sociedade capitalista e mercantilista a considere inútil”. “A inutilidade da Cultura é fundamental para nos sentirmos vivos, cidadãos e conscientes”.
Para Sara Barros Leitão, “a pandemia pôs a descoberto muitas questões e será precisa muita vontade política para as alterar”. “Serão tempos muito desafiantes para os nosso governantes”, alertou.
Recorde-se que a actriz voltou a estar no centro do debate, ao responder ao primeiro-ministro, António Costa, na rede social Twitter, a propósito da congrutalação do chefe do Governo a Ana Rocha, que venceu dois prémios no Festival de Cinema de Veneza, a semana passada.
“Parabéns à realizadora Ana Rocha de Sousa, duplamente premiada pelo seu primeiro filme, “Listen”! Mais um reconhecimento internacional do cinema português e um motivo de orgulho para o nosso país”, escreveu Costa.
A mensagem rapidamente mereceu a resposta de Sara Barros Leitão: “É uma notícia fantástica! Aguardamos o mesmo entusiasmo na discussão do Orçamento de Estado para a Cultura. Será preciso vontade e coragem. Votos de bom trabalho”.
Sara Barros Leitão integra o elenco da peça que Tiago Rodrigues estreou, este fim-de-semana, em Guimarães.
O regresso aos palcos, diz o encenador, “tem corrido bem”, mas tem sido sustentado por “angústia e esperança”.
“Angústia da incerteza de como vai evoluir a pandemia e de esperança por voltar a poder haver teatro”.
