Theatro Circo acolhe peça que junta a comunidade bracarense ao elenco da Companhia Olga Roriz

A Companhia Olga Roriz regressa ao Theatro Circo, esta sexta-feira, com o espetáculo ‘A Hora em que Não Sabíamos Nada Uns dos Outros’. Trata-se de uma adaptação da peça escrita para 450 personagens, pelo nobel da literatura Peter Handke, em 1992. O escritor austríaco inspirou-se nas suas deslocações diárias, mais concretamente numa praça italiana onde, sentado na esplanada de um café, passou o dia a observar.
Composta por didascálias e sem diálogo, o espetáculo, de acordo com a coreógrafa Olga Roriz, permite, a quem dirige e a quem assiste, imaginar a sua própria praça e personagens. “Sendo a dança uma arte do ambíguo, o espetáculo convida o público a viajar para uma praça de hoje em dia, que, como podemos imaginar, nada se parece com uma praça dos anos 80/90, e também a imaginar para onde vão e de onde vêm as personagens”, explica.
Para Olga Roriz, mais de três décadas depois da criação da peça, o mais importante é “questionar o que mudou no mundo”. Atualmente, exemplifica, “toda a gente anda de telemóvel a falar para os auscultadores”. “Antigamente, a praça era um ponto de encontro, onde as pessoas ficavam a conversar, hoje em dia, com o telemóvel e com as redes sociais não precisamos de ir para uma praça ou de sair de casa para encontrar alguém”, esclarece.
Na sua ótica, esta “passagem na praça” é agora ainda mais “individualista”. “Temos mais capacidade de comunicar, mas parece que nos conhecemos cada vez menos”, salienta.
‘A Hora em que Não Sabíamos Nada Uns dos Outros’ conta com a participação da comunidade local e mais de 300 figurinos
O espetáculo conta com mais de 300 figurinos e dezenas de adereços e, no entender da coreógrafa, transmite uma certa “esperança na humanidade”. “Apesar do cenário ser uma gruta negra e escura, é um espetáculo cheio de comunicação e de cor”, revela, acrescentando que, de alguma forma, é uma peça “positiva”.
Além de sete bailarinos, o elenco conta com a participação da comunidade local onde a peça é apresentada, neste caso, em Braga, sendo que cada pessoa interpretará várias personagens. “É um espetáculo muito giro e a participação é incrível”, afirma.
O espetáculo está agendado para as 21h30.
