Teste negativo ou certificado causa quebras acima dos 50% nos restaurantes de Braga

Esplanadas com clientes, mesas praticamente vazias no interior dos restaurantes de Braga. Parece ter sido este o cenário, no primeiro fim de semana com obrigatoriedade de teste negativo à Covid-19 ou certificado digital para acesso ao espaço interior de um restaurante, nos concelhos de risco elevado ou muito elevado. A RUM andou pela cidade para perceber o impacto da medida e os empresários da restauração não deram indicadores positivos.
“O fim de semana foi bem crítico”, disse Marcelo Sousa, proprietário de um restaurante no centro da cidade.
As novas regras “espantaram os turistas” e, sobretudo, “no sábado já tiveram um impacto muito grande à hora do jantar”. No restaurante de Marcelo, no sábado, ninguém se sentou no interior. No domingo, apenas um casal mais velho. “Mostraram-me o certificado e validei com a aplicação”, revelou. Foram os únicos clientes dentro do espaço. “Alguns ficaram lá fora, mas já não havia muitos turistas”, acrescentou. Menos clientes, menos faturação. A quebra ronda os 80%, diz o proprietário. Depois do anúncio do Governo, Marcelo Sousa, proprietário de três espaços na cidade, “dispensou três funcionários, na sexta-feira”. A obrigatoriedade de apresentar um teste negativo ou certificado digital “torna o negócio inviável, sem condições”. Embora entenda a decisão do executivo liderado por António Costa, e a considere melhor do que encerrar às 13h30, este empresário considera que seria necessário o Governo “tomar uma atitude”, nomeadamente com ajudas a fundo perdido.
Do outro lado da rua, encontramos Inês Machado, proprietária de um restaurante, que “tem sentido o impacto” desde que o Governo aplicou as medidas por concelhos. “Em Braga, não se pode jantar até mais tarde, mas em Vila Verde ou Amares, por exemplo, já se pode até à 01h00. Um amigo meu tem um restaurante em Braga e outro em Guimarães. Este fim de semana, em Braga teve duas pessoas, em Guimarães mandou gente embora, porque as pessoas de Braga foram jantar a Guimarães”, revelou.
No interior do seu estabelecimento, no sábado, apenas jantaram os pais. No exterior, tiveram “meia casa”. “Há pessoas que já não vêm, porque não entendem as medidas”, justificou. Dos cerca de 30 a 40 clientes habituais ao sábado e domingo, Inês contou 15. A faturação, tal como os clientes, caiu para metade. Lamentando a medida adotada pelo Governo, esta empresária não entende que, com estas restrições, os responsáveis políticos não permitam alargar o horário de funcionamento.
Noemia Antonucci é gerente de um restaurante italiano no coração da cidade. No seu caso, as quebras de faturação não chegaram aos 50%, mas, ainda assim, entraram menos clientes.
“Tivemos, no máximo, cinco mesas ocupadas cá dentro, normalmente está cheio”, comparou. As quebras rondam os 35%. A esplanada, maior do que a dos outros dois empresários, pode ter ajudado. Ainda assim, explicou, “não se pode pedir às pessoas para comer rápido e dar lugar a outras”, para compensar os clientes que não podem entrar no restaurante.
Maioria dos clientes descontentes com medida imposta pelo Governo
Leonor Oliveira não concorda com a medida imposta pelo Governo. Este fim de semana não foi jantar a nenhum restaurante e diz que as esplanadas nem sempre são boas opções. “Se estiver vento ou frio, por exemplo, não é agradável”, exemplificou. Os planos de fim de semana, por vezes, incluíam jantar fora ao sábado, mas, por enquanto, as refeições serão caseiras. “Jantar cá fora não nos impede de apanhar Covid, não é às sete da tarde que a Covid se começa a espalhar”.
Rodrigo Gomes jantou ao ar livre no sábado e concorda com a decisão do Governo. “É necessário ter um teste para garantir a saúde pública e não acho que uma pessoa se deva importar de fazer o teste para ter a certeza que está bem”, afirmou, garantindo que não terá problema algum em fazer o teste e pagá-lo em futuras saídas para almoçar ou jantar.
Anissa Marques também jantou no exterior, este fim de semana. Embora entenda que o objetivo da medida passa por “diminuir o número de casos”, não concorda com a sua obrigatoriedade. “Pode criar desigualdades, porque eu não fui vacinada e não é porque não quero, mas porque tenho 19 anos”, referiu.
A jovem recusa “pagar um teste para ir jantar fora”, apontando como soluções o take-away. “No verão, come-se bem nas esplanadas, mas se estiver cheia não vou pagar mais para comer dentro do restaurante, prefiro comer em casa”, finalizou
