“Tenho dúvidas que o INEM consiga garantir transporte para tanta gente”

O capitão António Ferreira acredita que os bombeiros vão ter de assumir um papel mais activo no combate ao novo coronavírus. Neste momento, o transporte de casos suspeitos de Covid-19 é feito pelo INEM.
Para o presidente dos Bombeiros Voluntários de Braga, devido ao aumento exponencial de casos, estes operacionais vão ter de prestar um auxílio suplementar na deslocação dos doentes. “Espero que sim, mas tenho algumas dúvidas que o INEM tenha capacidade de resposta para tanta gente”, refere.
Nesse sentido, espera que sejam distribuídos pelas autoridades de saúde materiais suficientes e adequados para que os operacionais possam estar “melhores defendidos de um eventual contágio”. Apesar do transporte de casos suspeitos ser da responsabilidade do INEM, o capitão António Ferreira adianta que os Bombeiros Voluntários de Braga já tiveram de contactar com pessoas potencialmente infectadas.
“Temos desconfianças. Já fizemos pelo menos dois transportes em que tudo leva a querer que havia pessoas infectadas. Levámos para o hospital e sabemos que estão internadas à espera de análise ou contra-análise”.
Dois operacionais encontram-se em quarentena profilática
Os Bombeiros Voluntários dispõem de cerca de 170 operacionais. Até ao momento, apenas dois estão em quarentena profilática: “um bombeiro que fez uma viagem para os Açores numa altura complicada e outro bombeiro, estudante da Universidade do Minho, que esteve em contacto com a turma [de História] em que apareceu um caso”. Ainda assim, o capitão António Ferreira garante que “nenhum deles apresenta sintomas”.
O responsável máximo pela corporação bracarense explica que têm sido dadas “instruções precisas aos operacionais para evitar até onde for possível – se calhar não vai ser possível até ao fim – que o contágio entre para o quartel dos bombeiros”. “Isso iria complicar o trabalho de socorro às pessoas”, acrescenta.
O funcionamento deficiente da linha SNS 24, já assumido pelas autoridades de saúde, levam a que, por vezes, as pessoas recorram aos bombeiros. “As pessoas, se acontece qualquer coisa, se tossem, espirram pu têm febre, ligam mais rapidamente para os bombeiros do que para o SNS. Muitas vezes justificam dizendo que não conseguem obter respostas na linha SNS 24”, concretiza.
