Técnico Auxiliar de Saúde: APTAS critica “pressa” de integrar TAS sem formação

São o rosto mais próximo dos doentes, mas muitas vezes são confundidos com enfermeiros ou chegam mesmo a ser invisíveis. Em 2024, será criada a carreira de Técnico Auxiliar de Saúde (TAS), um primeiro passo importante para os cerca de 22 mil profissionais que, em 2008, foram integrados nas carreiras gerais do Estado.
A RUM conversou com o presidente da APTAS – Associação Portuguesa dos Técnicos Auxiliares de Saúde, Adão Rocha, que diz lamentar que não exista qualquer distinção entre profissionais que investiram na sua formação e outros sem qualquer certificação. Esta decisão, teme o responsável, poderá originar casos de revolta junto dos cerca de 5 mil profissionais que já exercem esta profissão há 15 ou 20 anos.
O presidente da APTAS alerta ainda para o facto de profissionais sem formação não poderem concorrer, sem certificado, para outros hospitais na rede do Serviço Nacional de Saúde.
Outra das problemáticas levantadas pelos TAS está relacionada com a discriminação dos profissionais do Continente em relação aos do arquipélago da Madeira. “Eu costumo dizer que a equipa que trabalhou este projeto de lei copiou só as partes más do acordo da Madeira”, começa por afirmar. Isto porque os mesmos trabalhadores, em território insular, integram o nível 7 da tabela remuneratória única, enquanto no Continente, os perto de 22 mil profissionais integram o nível 6, o que tem reflexos na remuneração. “Vamos ganhar menos 90 euros que um profissional na Madeira”, diz.
De frisar que a carreira especial de técnico auxiliar de saúde é de grau 1 de complexidade funcional.
Em termos remuneratórios, a transição para a carreira de TAS, segundo a nota publicada pelo Governo, traduz-se num acréscimo salarial de cerca de 100 euros mensais. Uma informação que Adão Rocha afirma não corresponder à verdade, visto que o aumento é absorvido pelo IRS. Contas feitas os profissionais levam para casa “apenas mais 48 euros”.
Na ótica do TAS no Hospital de Santa Maria da Feira, todas estas situação levam a que a profissão “não seja atrativa”, o que resulta numa idade média dos profissionais a rondar entre os 45 e os 55 anos.
Quais as funções desempenhadas pelos Técnicos Auxiliares de Saúde num hospital?
Para Adão Rocha, estes profissionais podem ser descritos como “o rosto que os doentes vêm seis vezes mais”, enquanto estão internados. Os TAS trabalham diretamente com os enfermeiros prestando cuidados de higiene básica, pensos, reanimação, ajuda na alimentação e medicação, entre outros.
A APTAS – Associação Portuguesa dos Técnicos Auxiliares de Saúde foi criada em 2020.
