“Subsídios de desemprego vão custar mais ao Estado. É preciso ajudar já”

O director-geral da Associação Comercial de Braga (ACB) defende acção imediata do Governo na sobrevivência das empresas, caso contrário, alerta que, no futuro, pode ficar mais caro ao Estado pagar os subsídios de desemprego daqueles que ficarem sem trabalho.
O surto do novo coronavírus é visto com apreensão por Rui Marques que, pelo seu contacto com a actividade comercial e industrial local, perspectiva um cenário dramático para as empresas se Governo não actuar “forte e rapidamente”.
“A partir de Abril a situação vai piorar drasticamente. Se não forem tomadas medidas com a maior brevidade possível está em causa o fecho de muitas empresas e, consequentemente, de muitos postos de trabalho“, adverte, dando o exemplo do sector da restauração que “tinha enormes dificuldades em encontrar pessoas qualificadas para trabalhar há três semanas” e que agora pode “perder recursos humanos”.
Na opinião do responsável da ACB, o número de pessoas sem trabalho constituirá, daqui a 3 meses, um encargo extra para o Estado. “Nessa altura, será muito mais difícil relançar as actividades económicas e voltar a colocar essas pessoas no mercado de trabalho. É um exercício de racionalidade económica ajudar agora“.
Rui Marques rejeita as linhas de crédito anunciadas pelo Governo como a solução para mitigar o impacto económico, sobretudo nas pequenas-médias empresas, e aponta para a simplificação do lay-off e diminuição da carga fiscal como os recursos mais eficazes nesta fase.
“O Governo deve reduzir os encargos de tesouraria das empresas: o recurso ao lay-off deve ser mais simplificado e a segurança social deve assumir os salários. É preciso reduzir imediatamente a carga fiscal e as moratórias dos bancos devem ser publicadas“, refere, sugerindo que “o Estado deve dar o exemplo e injectar, ele próprio, liquidez nas empresas, pagando os projectos da sua responsabilidade – programas comunitários, nacionais, ou de apoio ao emprego do Instituto do Emprego e Formação Profissional”.
*Com Elsa Moura
