StayAway Covid. App foi descarregada por 700 mil portugueses 

Nove dias após o seu lançamento oficial, a aplicação StayAway Covid já foi descarregada por 700 mil portugueses. No mesmo período de tempo, foram registados “15 utilizadores infectados”. Recorde-se que aplicação permite fazer o rastreio de contactos com pessoas infectadas pelo novo coronavírus em Portugal e, dessa forma, evitar a sua propagação, detectando as cadeias de transmissão da doença.

A Keyruptive, do universo Startup Braga, é uma das empresas responsáveis pelo desenvolvimento da aplicação, lançada por António Costa, a 1 de Setembro, no Porto. 

À RUM, o CEO, Francisco Maia, explicou que os utilizadores portadores do vírus “comunicaram à plataforma, através do código que os serviços de saúde fornecem, para alertar as pessoas com quem mantiveram contacto próximo”. 

“Desenho da tecnologia usada na StayAway Covid segue o de um projecto europeu específicamente pensado para garantir a privacidade”

Tal como já havia sido explicado, a aplicação estando ligada vai trocando números aleatórios com os telefones detectados nas proximidades. “Caso uma pessoa seja marcada como infectada, esses números que andou a difundir são partilhados e os outros utilizadores podem ver se tiveram em contacto com essa pessoa. Os números são alterados a cada 15 minutos e não têm nenhuma relação com a identidade, não existe nenhum tipo de dado pessoal ou de localização”, relembrou o responsável pela startup. 

Depois da apresentação pública da aplicação, a Deco colocou algumas reservas à sua utilização, devido à possibilidade de uso não declarado dos dados por parte da Apple e da Google.

Francisco Maia estranha a observação e assegura que “os dados são anónimos, não têm nenhuma identificação da pessoa”. “São dispositivos que usamos no dia-a-dia e que permitem que a Apple e a Google façam muitas coisas, ma há sempre um grau de confiança necessário quando os usamos”, explicou. Segundo o responsável, “o desenho desta tecnologia segue o de um projecto europeu específicamente pensado para garantir a privacidade e existe também um esforço por parte da Apple e da Google em mostrar o que estão a fazer com esses componentes”. 

“Não há outro sistema que esteja a ser tão escrutinado como este”, frisou. 

Tecnologia made in Portugal é usada em “vários países europeus”

Apesar de ser desenvolvida em Portugal, a tecnologia pode ser “usada em vários países europeus e vai permitir, nos próximos meses, trabalhar num processo de interoperabilidade, que perimitiá que as pessoas se possam mover e continuar a beneficiar do sistema, algo que seria impossível se cada país desenvolvesse a sua tecnologia”. 

A Keyruptive nasceu há um ano, com a missão de trabalhar “a privacidade e segurança de dados” através de  “tecnologia, desenvolvida no âmbito do doutoramento, de gestão segura de dados em infraestruturas de terceiros”. Até ao momento, conta com “três colaboradores a tempo inteiro”, mas a equipa, onde se incluem os colaboradores, chega à dezena. 

“A primeira aplicação que a Keyruptive está a desenvolver é uma carteira digital, baseada nesta tecnologia, com o objectivo de que o utilizador tenha em todo o momento controlo absoluto dos dados, para isso estes são transformados em pedaços de informação que individualmente não serve para nada e colocados em administrações diferentes”, detalhou Francisco Maia. 

Nos planos desta startup está o desenvolvimento de “projectos com o mesmo impacto positivo na vida das pessoas ou das empresas.

A Keyruptive , startup incubada na Startup Braga, pretende envolver-se em outros projectos com o mesmo impacto da Stayway Covid. O processo foi liderado pelo INES TEC (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência) e pelo Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, tendo contado ainda com a colaboração da UMinho. A Keyruptive foi responsável pelo desenvolvimento e implementação das aplicações móveis.