Sindicato exigirá aumento salarial de pelo menos 150 euros para trabalhadores do Complexo Grundig

Em conferência de imprensa esta quarta-feira, o dirigente sindical do SITE Norte/CTPN-In e trabalhador da Bosch, Sérgio Sales, explicou que o coletivo vai deliberar sobre as propostas a enviar para os empregadores, mas avançou que será exigido um aumento salarial para 2025 de, no mínimo, 150 euros para todos os trabalhadores.
A campanha ‘Tempo para Viver’ surgiu em março de 2024 como uma forma de exigir melhores condições de trabalho para os profissionais do Complexo Grundig, em Braga, que trabalham na Bosch, na Aptiv e na Fehst.
“Em princípio, as propostas salariais não serão inferiores [a 150 euros]. Isto ainda exigirá uma discussão com os trabalhadores em plenários, que serão realizados até o final do mês, mas a proposta não será, em princípio, inferior a 150 euros de aumento para todos, sem discriminação”, assegurou Sérgio Sales à RUM.
Para o dirigente sindical “já não chega dialogar”. Para além do aumento salarial, Sérgio Sales destaca a diminuição da carga horária e da limitação e fim dos turnos noturnos e ao fim-de-semana. “Estamos a falar de um universo de três empresas onde existem mais de duas dezenas de horários de trabalho, em que todos os dias da semana existe laboração, nas 24 horas de cada dia existe laboração, e isso não impede as empresas de estarem constantemente a acrescentar horários sobre horários”, acrescentou.
“Há trabalhadores que não têm um único domingo livre por ano”
A par das reivindicações, Sérgio Sales denunciou as condições a que os trabalhadores estão sujeitos, destacando o desgaste físico e psicológico.
“No caso da Bosch, há trabalhadores que não têm um único domingo livre por ano. Na Aptiv, há trabalhadores que trabalham seis noites por semana. Estamos a falar de horários rotativos ou fixos, de pessoas que pegam às seis da manhã e de pessoas que nunca jantam com a família. Pessoas que passam a noite toda, ao longo de anos a fio, fora de casa”, advertiu.
O sindicato faz uma comparação entre trabalhos na indústria com serviços de urgência: “O mundo não para nem acaba se não forem produzidos sensores ou aparelhos eletrónicos num domingo à noite. A indústria não pode ser equiparada a serviços como os bombeiros, a polícia ou as emergências de um hospital”. Desta forma, Sérgio Sales apela ao “bom senso dos empresários que têm de olhar para as suas empresas e perceber que, para além do lucro e das máquinas que têm lá dentro, têm pessoas, têm vidas”.
Dia 9 de novembro, no Porto, está agendada uma manifestação nacional convocada pela CGTP-In. O dirigente sindical referiu que vai ser analisada a possibilidade de lançar um pré-aviso de greve para que todos os trabalhadores do complexo possam estar presentes na concentração.
A RUM entrou em contacto com a Bosch, que optou por não tecer comentários sobre o assunto.
