“Sistema de gestão e governação das universidades precisa de mudanças”

Quem o diz é Wladimir Brito, docente da Escola de Direito da Universidade do Minho.

Wladimir Brito não concorda com o sistema de gestão e de governação universitário português e sugere alterações. Na semana em que o Conselho Geral da Universidade do Minho elegeu o novo reitor – Rui Vieira de Castro – , o docente da Escola de Direito da Universidade do Minho disse, na RUM, que se exigem várias mudanças no que respeita à gestão e governação das instituições de ensino superior.


O docente de Direito defende “uma mudança” em diferentes patamares, nomeadamente no sistema de escolha indireta dos reitores, dos presidentes de escola e de outros órgãos. Wladimir Brito afirma que o universo universitário “não é assim tão grande para que não haja uma escolha por votação direta, universal e secreta”. 

Wladimir Brito, recentemente homenageado pela instituição minhota, vai mais longe e refere que “por regra, o grupinho que elegeu o presidente é o grupinho do presidente ou do reitor”. “Portanto, se for num espaço aberto, será muito mais democrático e combate muito melhor essas capelinhas que nós, portugueses, gostamos muito de fazer”, atira.

O docente discorda também que estrangeiros não possam candidatar-se ao cargo de reitor de uma universidade portuguesa no caso de não trabalharem em Portugal. “Acho que o sistema de RJIES (Regime Jurídico das Institutuições de Ensino Superior) está mal estruturado porque transforma uma universidade numa espécie de uma empresa com um Conselho Geral que não tem tido, na minha opinião, grande impacto na vida universitária”, continua. Wladimir Brito considera que nas reuniões de Conselho Geral, o reitor “normalmente tem maioria e portanto vai descansado” já que “por regra as suas posições ganham”.


Sublinhando que “uma universidade não é uma empresa, mas um espaço de ciência, de convívio científico e de difusão de conhecimentos”, o docente de Direito defende um modelo “diferente”. Diz também que a gestão da ciência se transformou “num negócio das revistas, que dá milhões e que não garante a 100% qualidade”. “É uma forma de fazer negócio e, infelizmente, a FCT e as gestões universitárias dão grande importância a essas publicações, mas algumas delas valem muito pouco”, analisa.

A propósito do subfinanciamento do Ensino Superior, Wladimir Brito assume que é um problema “delicado” que exige outra atenção por parte do Estado. Apontando que um país “que não tenha uma universidade com meios suficientes para fazer investigação científica não vai longe”, o docente de Direito dá o exemplo das fundações, “criadas com pompa e circunstância”, mas que para si “não têm grande interesse” porque “não contratam mais nem fazem mais” uma vez que “o fundador, que é o Estado, diz que não podem fazer”. “Basta ver a evolução das fundações, são apresentadas como uma espécie de resolução de todos os problemas, mas eu pergunto qual é o montante financeiro que dá uma universidade para a progressão na carreira dos seus docentes? Não abrem concursos, porquê? Porque o Estado, que dá o dinheiro, diz que não há dinheiro para isto e para outras coisas”, conclui.

LER TAMBÉM:


“É preciso acabar com o circo mediático e os julgamentos populares na televisão”


OUVIR ENTREVISTA COMPLETA A WLADIMIR BRITO NO PROGRAMA DA RUM ‘CAMPUS VERBAL’

Partilhe esta notícia
Elsa Moura
Elsa Moura

Deixa-nos uma mensagem

Deixa-nos uma mensagem
Prova que és humano e escreve RUM no campo acima para enviar.
Sara Pereira
NO AR Sara Pereira A seguir: Carolina Damas às 17:00
00:00 / 00:00
aaum aaumtv