Saúde mental. Estudantes deslocados e internacionais no grupo de risco

Portugal é o 5º país da União Europeia com maior prevalência de doenças mentais, tendo 50% da população já tido uma doença mental e 20% a sofrer de pelo menos uma doença deste foro. No entanto, este continua a ser um tema tabu junto da população portuguesa.
“E se?” foi o mote da sessão, desta segunda-feira, promovida pela Escola de Psicologia e a Associação Académica da Universidade do Minho para assinalar o “Setembro Amarelo”, uma campanha de prevenção do suicídio. A iniciativa contou com a presença do comediante António Raminhos, escolha dos estudantes, que assume publicamente uma perturbação obsessiva compulsiva.
De uma forma leve, mas sem retirar responsabilidade ao tema, Raminhos criticou a falta de respostas públicas para a saúde mental. “Hoje fala-se mais, mas a verdade é que nós vivemos num país onde não há recursos para uma data de coisas e a saúde mental está na cauda disso tudo. Eu tive acesso a terapeuta, pago do meu bolso. O melhor que nós podemos ir fazendo é exatamente falar e tornar o assunto cada vez mais normal”, afirma.
Os estudantes que entram no ensino superior sobretudo alunos deslocados e internacionais, estão identificados como um grupo de risco no que toca ao possível desenvolvimento de depressão e ansiedade.
De acordo com a coordenadora da Unidade de Intervenção Psicológica da APsi-UMinho, Eugénia Ribeiro, o número de pedidos de ajuda tem vindo a aumentar desde a pandemia. “Estão previstos outros eventos como workshops e webinars, com o mesmo objetivo de promover a literacia em saúde mental e também uma ação ao nível do estigma junto quer dos estudantes, quer de outros interlocutores da universidade que lidam diretamente com os alunos do primeiro ano”, avança.
Distinguir doença de maus estar relacionado com um momento, a título de exemplo de stress, foi outro dos pontos abordados.
António Raminhos fez questão de frisar que a doença não define uma pessoa e ninguém está sozinho. “O meu objetivo é que eles possam ter aquilo que eu não tive, que foi uma identificação. Perceber que afinal, isto não é só a minha cabeça. Há mais pessoas como eu. Isto é perfeitamente normal. Isto não resolve a situação, mas enquadra-te num contexto que te ajuda a continuar caminho”, afirma.
A iniciativa “E se?” é cofinanciada pelo Programa Operacional Capital Humano, Portugal 2020 e pelo Fundo Social Europeu.
