Sapadores de Braga em vigília 24 horas por dia até outubro

Os Bombeiros Sapadores de Braga estão em vigília, acampados no centro da cidade, 24 horas por dia, até e de outubro para reivindicar um conjunto de direitos laborais, nomeadamente que esta seja considerada uma profissão de desgaste rápido.

A RUM esteve ao final da manhã desta terça-feira com estes bombeiros que apenas se deslocam para a Avenida Central quando não estão ao serviço. A escolha do espaço “pretende dar visibilidade” à luta. Apesar de estarem há vários dias no local, quase nenhum político se deslocou ali para os ouvir, mas os cidadãos vão manifestando a sua solidariedade.

Armando Rosas, bombeiro sapador há 28 anos, explica que à semelhança do que aconteceu com a Polícia, os sapadores também precisam de ver o estatuto revisto. “Entendemos que, à semelhança das outras forças, também merecemos a revisão do estatuto. Alguns pormenores devem ser alterados, como o subsídio de risco, avaliação do SIADAP (Sistema integrado de gestão e avaliação do desempenho na administração pública), a possibilidade de uma carreira com promoção”, detalha. Confessa também que os bombeiros sapadores “são o parente pobre da sociedade, sempre atrás da promoção”.

“Um bombeiro com 60 anos não pode fazer um resgaste num 6º andar”


Sustenta que são reivindicações “pertinentes”, sublinhando as diferentes dimensões do risco deste trabalho. “Estamos sujeitos a altas temperaturas, a múltiplas situações de risco”, além dos sucessivos turnos que também “retiram qualidade de vida”. Atualmente, o subsídio de risco é de aproximadamente 7 euros por mês.

“Entendemos que é uma profissão de desgaste rápido. Pedimos a revisão de idade para efeitos de aposentação”, sustenta, exemplificando que “um bombeiro com 60 anos não está capaz de subir um 5º, 6º, 8º ou 10º andar”. Com essa idade, o bombeiro continua a “tentar fazer tudo”, mas “por vezes precisa de uma bengala”, admite. “Um bombeiro equipado para o combate a um fogo urbano leva às costas cerca de 30Kg. Como é que ele faz um resgate de uma pessoa? É incomportável. Temos de ter capacidade física”, alerta.

Folgas de quase todos os bombeiros da corporação de Braga são passadas na vigília


Para efeitos de empréstimo bancário, por exemplo, um bombeiro vê o seu seguro agravado por ser considerada profissão de risco. Um dos bombeiros sapadores presentes na vigília sublinhou precisamente este ponto. “O governo não nos considera uma profissão de risco, e dá-nos mais 7 euros por mês, mas eu pago mais 40 ou 50 euros por mês num seguro de vida porque sou bombeiro”, denuncia.

A vigília dos bombeiros sapadores está a decorrer nas cidades de Braga, Porto e Lisboa. Deslocam-se para os diferentes “acampamentos” apenas quando estão de folga. A ação estava até prevista para mais cedo, mas foi adiada por causa dos incêndios que assolaram o país nas últimas duas semanas. “O socorro não pode ser posto em causa, longe disso. Tivémos o cuidado de atrasar. Agora sim, estamos em vigília 24horas por dia para apelar aos governantes deste país que olhem para os bombeiros e que não se lembrem deles apenas quando a catástrofe acontece”, vinca.

A ações reivindicativas dos Bombeiros Sapadores decorrem em simultâneo nas cidades de Braga, Porto e Lisboa. A vigília prolonga-se até dia 2 de outubro. Querem ser ouvidos pelo governo e reconhecidos a todos os níveis pela profissão que exercem.

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Elsa Moura
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