Salas de espetáculo do distrito de Braga aguardam e preparam regresso

A vontade é clara. Os agentes culturais da região garantem que estão preparados para reabrir as salas de espetáculo logo que sejam levantadas as restrições atualmente em vigor. Depois de o estado de emergência ter sido renovado até 1 de março e com a consequente manutenção das regras para o setor, a expetativa e a ansiedade crescem para os profissionais da cultura.

Em Braga, o gnration tem já um programa de espetáculos previsto até agosto mas só o vai anunciar “em tempo oportuno”. À RUM, o programador do espaço cultural, Luís Fernandes, diz que “as datas são estanques” e que o primeiro artista a atuar “depende do fim do estado de emergência”, não contando que “não seja possível fazer nada antes do final de março”.

O responsável garante que as exposições patentes atualmente no gnration vão poder ser visitadas logo após o levantamento das restrições mas aponta o período mínimo de uma semana até acontecer o primeiro concerto. Para já, é certo que o espetáculo de Kali Malone, que estava previsto para o dia 15 de maio, não vai acontecer.

No Theatro Circo, o diretor artístico Paulo Brandão diz que está a “tentar remarcar todos os eventos que sejam possíveis”, lembrando que, apesar da ausência de espetáculos, “os contratos com os artistas e companhias não foram cancelados”.

Reclamando mais apoios vindos do Governo para os profissionais do setor e “menos burocracia”, o responsável sinaliza que “um técnico que faz som e luz durante o ano tudo não tem como sobreviver”. “Não tem liquidez possível. Não se pode estar um ano parado sem receber absolutamente nada”, exemplifica.

Paulo Brandão destaca a importância da regra que diz respeito aos contratos públicos celebrados com artistas e entidades culturais e que devem ser pagos no mínimo a 50%, caso tenham sido adiados ou cancelados devido à pandemia.

Apesar das “questões que se colocam do ponto de vista financeiro porque os espaços culturais não têm receita de bilheteira nesta fase”, o diretor artístico considera que é “legítimo” face às dificuldades vividas pelos profissionais da cultura, algo corroborado por Luís Fernandes. O programador do gnration sinaliza que a estrutura está a “cumprir com todos os acordos com os artistas, com metade dos ‘cachets’ acordados” porque acredita que “é uma forma de assumir os compromissos com os artistas, que muito precisam neste momento”.

Em Vila Nova de Famalicão, Álvaro Santos, diretor da Casa das Artes refere perentoriamente que toda a gente está “disponível para começar o trabalho no dia seguinte ao anúncio da reaberturas das salas”, não escondendo a esperança de que isso possa acontecer no próximo mês. Até lá, estão a ser reagendadas todas as performances que estavam previstas para a segunda metade de janeiro e fevereiro.

A IN TRANZ YT, companhia de dança famalicense criada no ano passado, em plena pandemia, tinha a sua primeira atuação marcada para os dias 19 e 20 deste mês. Apesar de ainda não estar definida a nova data, de acordo como a Inspeção-Geral das Atividades Culturais, os artistas que iam participar em eventos previamente agendados para fevereiro e março podem ensaiar. “Não é possível haver uma apresentação pública, mas temos neste momento a IN TRANZ YT na Casa da Artes. Aqui os ensaios não podem ser feitos em regime de teletrabalho”, especifica.

Programação online com maior força no gnration

Apesar do encerramento das salas de espetáculo ao público, o gnration mantém ainda atividade presencial no que respeita aos ensaios. Luís Fernandes revela que a banda bracarense Omie Wise está a ensaiar no âmbito do ciclo Trabalho da Casa, antecipando que o conjunto vai apresentar “em breve” o resultado final da residência.

À margem da atividade presencial, o gnration mantém um programa online regular. Atualmente, no site do espaço cultural, estão disponíveis uma performance de Casper Clausen, artista que esteve em residência no gnration mas que viu o seu espetáculo cancelado, e a rubrica Cultura em Casa, que consiste em explorar, através de entrevistas e playlists, o universo de artistas que já passaram pelo gnration.

Nos próximos dias, serão lançadas no site duas exposições: “Gaia”, de Salomé Lamas, e “The Stage is Alive”, de Joana Chicau e Renick Bell.

Já a Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão está a preparar uma visita virtual ao espaço, que deverá ficar disponível nos próximos dias, algo que já acontece com o Theatro Circo.

Autarquia de Famalicão aposta em programa para famílias

Em Famalicão, à margem da programação da Casa das Artes, a autarquia vai recuperar, em março, a rubrica “Há Cultura em Casa”, destinado às famílias.

Nas páginas de Facebook ‘Famalicão Comunitário‘ e de Instagram ‘Há Cultura‘, às sextas-feiras e sábados à noite (21h30) e ao domingo à tarde (17h00) serão transmitidos os concertos de Cotovia Arisca, no dia 5, de Sofia Machado, no dia 6, de Famart, no dia 7.

No fim de semana seguinte é a vez de Byrd Sno atuar na sexta-feira, dia 12. No sábado, tocam os Filtro, e no domingo é a vez de Sérgio Mirra atuar.

Segue-se na sexta-feira, 19 de março, a Música Antiviral. No sábado, dia 20, tocam os Hot Air Balloon. E no domingo, dia em que se assinala o Dia Mundial da Poesia, haverá música poética.

A Maria do Sameiro abre o último fim de semana do mês, a 26 de março, com um concerto. No sábado, é a vez do teatro e marionetas com a Mandrágora a entrar em casa do público. O mês termina com a atuação da peça de teatro “Sozinha” de Elsa Pinho, no domingo, dia 28.

Por Pedro Manuel Magalhães e Tiago Barquinha Gonçalves