Projeto da UMinho envolve jovens voluntários e comunidades locais em investigação arqueológica

A arqueóloga Rebeca Blanco Roteo, do Laboratório de Património, Paisagem e Território (Lab2PT), da Universidade do Minho (UMinho) está a coordenar um projeto de educação patrimonial que envolve a escavação de um forticado “inédito” do século XVII na localidade galega As Torres. Para além da investigação, o projeto, coordenado pela UMinho e pela Universidade de Santiago de Compostela, reúne nove jovens voluntários e pretende comunicar história às comunidades locais do dois lados do rio Minho.
De acordo com a investigadora, o projeto foca-se em várias perspetivas, para além da investigação arqueológica: o trabalho “educação patrimonial” com jovens “entre 18 e 30 anos, para que compreendam que o património é um elemento fundamental da nossa cultura”. Simultaneamente, a envolvência das comunidades locais na pesquisa através de “conferências diárias em bares da zona, de forma a implicar os habitantes e a vizinhança nos diferentes aspetos, tanto do projeto, como de outros temas relacionados com a educação patrimonial”.
Desta forma, o projeto serve não só as universidades, como também as comunidades locais através da divulgação de informação assente numa “ciência cidadã” e na “educação não formal”.
Ainda que existam alguns pormenores a afinar, que neste momento tornam o processo “complexo”, Rebeca Blanco Roteo espera que esta iniciativa seja a “primeira de muitas”. Na opinião da investigadora, o investimento existe (neste caso, o projeto é financiado pelo governo galego), só falta um “acordo de colaboração mais estável”.
Por parte dos jovens voluntários, o feedback tem sido “bastante positivo”. De acordo com a arqueóloga, apesar da iniciativa ainda estar no início, “os jovens estão a fazer muitas perguntas, não somente do ponto de vista técnico, mas também associado com a arqueologia”. Por centrar-se num “elemento que não é habitual”, a iniciativa tem conseguido despertar nos jovens voluntários uma curiosidade “que não estamos habituados a lidar na arqueologia”, confidencia aquela responsável.
Fortificado construído com o objetivo de “travar o avanço do Exército Português”
O fortificado de As Torres foi construído sobre uma mina romana e mostra como os exércitos aproveitaram antigas trincheiras para construir uma bateria defensiva relevante no controlo daquele território, que foi muito disputado nos dois lados do rio. Terá sido erigido em 1666, com o objetivo de “travar o avanço do Exército Português” depois deste ter ocupado, em 1663, a vila galega de Goián.
Embora alterado por atividade florestal e vinícola, mantém a forma e parapeitos do baluarte e é uma das quase 50 construções defensivas do século XVII ao longo do rio Minho.
A iniciativa, que faz parte do programa ‘Fortalezas da Fronteira’ começou esta segunda-feira, dia 8, e termina no dia 16 de setembro. As inscrições podem ser submetidas através do website do projeto.
