“Quero construir uma família”. Enfermeira do Hospital de Braga muda de vida após cirurgia bariátrica

Manuela tem 32 anos, é enfermeira no Serviço de Urgência do Hospital de Braga. Há cerca de dez meses, foi submetida a uma cirurgia bariátrica. Chegou a pesar 120 quilos e foi a pensar na saúde que pediu ajuda. 


“Por vezes, o meu corpo fracassava. Eu não tinha energia para trabalhar, cansava-me imenso. É um serviço que exige muito de nós, estamos 12 horas constantemente no auxílio a doentes com todo o tipo de patologias”, conta à RUM a profissional de saúde, há cinco anos na unidade hospitalar.

A decisão de avançar para a cirurgia surgiu em finais de 2022, depois de várias tentativas para perder peso com recurso a dietas e exercício físico. A pandemia de COVID-19 agravou o cenário. “Entrei cá no ano em que o Covid rebentou. O stress de todo o serviço e a fase que estávamos a passar naquele ano… Tudo ajudou a despoletar”, recorda.

Após o encaminhamento feito pelo médico de família, Manuela iniciou o processo de avaliação para cirurgia no início de 2023. Mas não entrou logo na lista de espera. “Tinha um peso quando fui referenciada, mas depois quando fui novamente à consulta tinha excesso de peso, e há um valor de referência estipulado. Havia riscos associados”, explica.

A operação – uma gastrectomia vertical calibrada, também conhecida por sleeve gástrico – realizou-se em julho de 2024. No dia da cirurgia, Manuela pesava 113 quilos. Hoje, pesa 78. “Mudei completamente a minha vida. O exercício físico agora para mim é sagrado. Um dia que eu passe sem fazer nada já me mexe muito com o psicológico”, partilha.

O processo não foi isento de dúvidas. “Tive aquele receio, pensei, será que é mesmo isto que eu quero? Será que é mesmo esta a solução?”, lembra. Mas a confiança na equipa médica ajudou a acalmar. “Nesse dia, o cirurgião (José Pedro Pinto) estava comigo. Antes de entrarmos para o bloco, deu-me algumas palavras que me deixaram perfeitamente tranquila nas mãos deles”.

O pós-operatório foi tranquilo e o apoio familiar foi determinante. “A família é a chave de tudo. Se não tivermos ninguém fora do hospital, fora das consultas, é muito difícil, porque podemos desistir”, assume a enfermeira.

O médico responsável pela cirurgia, José Pedro Pinto, vinca: a obesidade é uma doença que não tem cura, mas pode ser controlada. “A cirurgia não resolve, mas ajuda a controlar muito esta patologia que é a epidemia do nosso século.”

O especialista reforça ainda que a cirurgia é apenas um dos pilares do tratamento. “A cirurgia pode ajudar, de facto, muito o doente, mas não vai curar, vai paliar. Neste momento, não temos a Manuela curada da sua obesidade, temos a Manuela com a sua obesidade controlada”, sublinha.

A cirurgia bariátrica de Manuela foi uma das 260 intervenções realizadas no Hospital de Braga em 2024. 

Segundo José Pedro Pinto, o hospital tem capacidade instalada para cerca de 300 procedimentos anuais, embora o número real fique geralmente aquém, por limitações de camas ou prioridade a outras áreas como a oncologia.

Para Manuela, os resultados vão além da balança. “Sinto-me bem comigo própria. Tenho outro ânimo, mesmo para trabalhar sinto-me muito à vontade, já não me canso tanto.” 

E o futuro, agora, já se desenha com novos objetivos: Ser mãe. 

A história de Manuela é publicada no âmbito do Dia Europeu e Nacional de Luta Contra a Obesidade, que se assinala este sábado, 24 de maio.

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Ariana Azevedo
Ariana Azevedo

Jornalista na RUM

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