“Quem me vai suceder tem condições para ser melhor presidente do que eu seria nos próximos 4 anos”

“Decidi não me recandidatar à Câmara de Famalicão, porque entendo que a minha missão autárquica terminou”.
Foi desta forma que Paulo Cunha confirmou, esta terça-feira, que o seu nome não vai constar no boletim de voto, das eleições deste ano.
Doze anos depois, oito dos quais como presidente, o social democrata abandona a vida autárquica, mas não a vida política. Paulo Cunha, recorde-se, é presidente da concelhia de Famalicão e da distrital de Braga do PSD.
Depois de surgirem rumores de que estará a reunir apoios para uma futura corrida à liderança do PSD, Paulo Cunha garantiu, em entrevista à RUM, que “não tem essa ambição”, mas “nada se pode fechar na vida”. Esse é um cenário que, por enquanto, permanece em aberto, mas, garante, “o mais provável é que isso não venha a acontecer”. “O meu objetivo é criar condições para que o meu concelho continue a ser bem governado. Não tenho esse desejo para mim no futuro, mas se me perguntasse há 20 anos se tinha o desejo de ser presidente de Câmara dar-lhe-ia a mesma resposta”, referiu.
A decisão de não ser candidato já foi comunicada ao presidente do PSD, Rui Rio, que, em março, tinha avançado o nome de Paulo Cunha, na lista de candidatos a diferentes câmaras municipais. De Rio, Paulo Cunha diz ter havido “compreensão e anuência”. O autarca famalicense deixou ainda a garantia ao presidente do partido de que manteria o compromisso de “completar o mandato e de criar condições para que o PSD tenha um protagonista autárquico que seja bem sucedido”.
Paulo Cunha apresentará aos órgãos do partido o nome de Mário Passos para lhe suceder
O ainda autarca garante que “não está cansado da vida política”, mas considera que “as propostas que levou para a vida autárquica estão cumpridas”. Cunha lembra que “há cenários internacionais, quer o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), quer o debate comunitário, que exigem uma governação autárquica de médio prazo”.
“É necessário que haja estabilidade. Sinto que Famalicão tem mais a ganhar com uma presidência de Câmara de médio prazo, que tem um horizonte de no mínimo oito anos, do que um presidente de Câmara com um horizonte de quatro anos”. Para lhe suceder, Paulo Cunha aponta Mário Passos, atual vereador do associativismo, freguesias e desporto, a quem reconhece “condições técnicas, pessoais e políticas para colocar Famalicão no topo dos concelhos do país”. A proposta será agora apresentada aos órgãos do partido. “Acho que quem me vai suceder tem condições para ser melhor presidente de Câmara no futuro, do que eu seria nos próximos quatro anos”, frisou.
O social democrata diz que é “melhor sair neste momento”, até por que sente que a sua “missão está cumprida”. “Não acho que só se deva deixar de ser presidente, porque a lei não o permite. Não vou ficar mais quatro anos, só porque posso ficar. Temos que ter uma visão da política diferente do que é habitual”, justificou.
“Não deixarei a política”
Paulo Cunha, que agora vai regressar à advocacia e à docência, mantém o desejo de concluir um doutoramento “numa universidade da região”. “Eu nunca fiz da política carreira. A política faz parte de mim e não deixarei a política”, asseverou.
O famalicense pretende, no entanto, “ajudar a refrescar a democracia”. “Acho possível que se faça política sem ser a título profissional. Temos consumido muita democracia e não temos produzido muita democracia”.
Paulo Cunha quer “continuar a criar condições para melhorar a vida das pessoas”, mas não se coloca num cenário de vir, no futuro, a candidatar-se um cargo no Governo ou na Presidência da República. “Vou completar 50 anos e não posso antecipar nenhum cenário. Quero para mim, neste momento, criar condições para que possa sair tranquilo e com a sensação de missão cumprida”.
“Sinto que os famalicenses têm um grande carinho por mim e sinto-me um privilegiado por ter servido Famalicão durante oito anos”, finalizou.
Com Paulo Cunha de saída, Mário Passos deverá ser anunciado como candidato da coligação de direita em Famalicão
Tomou posse como presidente da Câmara de Famalicão a 20 de Outubro de 2013 e depois a 15 de Outubro de 2017. Podia, ainda, entrar na corrida autárquica de 2021, mas decidiu retirar-se de cena e anunciou hoje não se recandidatar ao cargo. Foi o 6.º presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão da III República.
Venceu, nas últimas autárquicas, com 67% dos votos, conseguindo oito de 11 vereadores, mais um do que em 2013. No primeiro mandato, chegou a presidente da autarquia com 58,6% da votação sucedendo a Armindo Costa.
Natural de Gavião, Paulo Cunha é licenciado em Direito e para ingressar na vida política deixou a vida académica, que agora retoma, como professor universitário. Cunha foi um dos presidentes mais jovens do município de Famalicão e, no seio do PSD, já há quem o aponte à liderança do partido.
A coligação entre PSD/ CDS-PP, que se tem vindo a servir do lema “Mais Ação, Mais Famalicão”, terá agora que encontrar uma alternativa. Ainda que não seja oficial, Mário Passos é o nome apontado para suceder a Paulo Cunha e entrar na corrida autárquica deste ano.
Mário Passos, que tutela as pastas do desporto, freguesias e associativismo, é natural de Nine, formado em Física e Química, pela Universidade do Minho, sendo doutorado em Ciências, em cooperação com o Instituto John Innes Centre, em Norwich, na Inglaterra, tornando-se professor auxiliar na mesma universidade.
Entre 2009/2013, Mário Passos assumiu as pastas da habitação, família, juventude e transportes e, depois, o Desporto, Freguesias e associativismo.
