“Que a visão para a UMinho do futuro nunca seja construída sem os estudantes”

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades. Muda-se o ser, muda-se a confiança. Todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades”, foi com as palavras de Luís Vaz de Camões que o novo presidente da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUMinho) arrancou um discurso focado no caminho de concretização para tornar a “Academia Viva”.
Perante um Salão Nobre repleto de apoiantes, familiares e amigos, este sábado, Luís Miguel Guedes não tardou a dizer ao que vem. O, agora, representante dos estudantes da UMinho, recuou seis anos para comparar os preços médios de um quarto nas cidades que acolhem os campi da universidade, que em menos de uma década, passaram de 150 para 330 euros. Quartos estes muitas vezes em “condições dúbias”, mas que mesmo assim “pesam nas carteiras das famílias”, sendo por isso “urgente” uma “verdadeira execução do Plano Nacional para o Alojamento do Ensino Superior”.
Ainda no que toca ao alojamento, o presidente da AAUMinho lamenta que a atualização das rendas em 2025 tenham um teto de 2,16% para contratos em vigor. A situação é mais preocupante, sublinha o responsável, para os casos em que o senhorio que não atualizou nos últimos três anos os valores, poderá fazê-lo até 11,10%.
“O Adamastor do século XXI é a apatia na participação cívica e a falta de perspetiva para a sociedade de futuro”.
Em entrevista à RUM, Luís Guedes adianta que pretendem avançar já em fevereiro com um projeto piloto da iniciativa “Novo Lar”, em Braga. Este projeto pretende ajudar a mitigar dois problemas existentes na sociedade: isolamento da população sénior e a falta de alojamento estudantil. A ideia passa por juntar alunos universitários e idosos. O objetivo passará por, no segundo semestre, ampliar o projeto para a cidade de Guimarães.
2025 será um ano marcado por eleições para as autarquias, mas também para o Conselho Geral da UMinho e pela eleição do novo reitor, visto que Rui Vieira de Castro termina o segundo mandato à frente dos destinos da academia.
“Tenho apenas um desejo. Que a visão para a Universidade do Minho do futuro nunca seja construída, em momento algum, sem os estudantes. Caso isto aconteça, tenho apenas um outro desejo, que essa visão não veja a luz do dia”, afirma Luís Guedes que acrescenta que a AAUMinho terá uma veia ainda mais reivindicativa ao longo deste ano, estando já prevista a apresentação de relatórios semestrais sobre questões essenciais da vida dos estudantes universitários.
A aproximação da AAUMinho aos grupos culturais foi outro dos focos do discurso do novo presidente, sublinhando o papel importante da “cultura académica” durante a Capital Portuguesa da Cultura, título envergado durante este ano pela cidade dos arcebispos.
No voluntariado, a AAUMinho quer profissionalizar o projeto “Um Futuro”, no bairro das Enguardas, em Braga. Este trabalho, que tem por base o princípio da “educação não formal”, junta semanalmente 40 voluntários da AAUMinho com 15 crianças de um total de 30. A meta deste trabalho passa por alargar os horizontes destas crianças em relação ao seu futuro. Ao profissionalizar o projeto em Braga, irá permitir uma ação com maior periodicidade na cidade bimilenar e a expansão do formato para Guimarães, sem comprometer a qualidade do trabalho.
“Que não se volte a ponderar qualquer alteração ao peso dos estudantes neste órgão, a não ser que seja para o aumentar”.
No próximo dia 10 de janeiro, há reunião extraordinária do Conselho Geral da UMinho para finalizar a proposta dos novos estatutos da UMinho. Luís Guedes espera que seja possível “chegar a bom porto” e apela a um processo “conciso” e consciente”.
Recorde-se que os estudantes estão representados com quatro conselheiros no órgão colegial máximo de governo e de decisão estratégica da Universidade, num total de 23 conselheiros.
Em relação à proposta do Ministério da Educação, Ciência e Inovação sobre o novo RJIES – Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior, o presidente da AAUMinho diz estar otimista e satisfeito com o aumento previsto da representação estudantil.
Quanto ao Enterro da Gata de 2025, irá decorrer entre os dias 9 e 16 de maio, no Fórum Braga. Este ano, está garantida a dispensa de aulas.
No desporto, Luís Guedes frisou o “esforço financeiro e logístico” da estrutura confessando a ambição de, no futuro, organizar um Campeonato Universitário de E-Sports. Outra das ambições passa por recuperar o Troféu do Reitor no presente ano.
A equipa da direção está a trabalhar num Documentário sobre a história e as tradições académicas da AAUMinho, de modo a preservar a memória no futuro.
