“Quando estamos perante a suspeita de um AVC, tempo é cérebro”

Cada minuto conta quando ocorre um Acidente Vascular Cerebral. Essa noção foi vincada na última edição do programa ‘A Saúde Tem Voz’, este domingo, a propósito do Dia Mundial do AVC, que se assinala na próxima sexta-feira.
O tempo de reação, explica o neurorradiologista José Manuel Amorim, é “muito importante” para evitar danos irreversíveis. O médico enaltece que “por cada minuto que se consiga reduzir entre o período em que ocorre o AVC e o auxílio médico poupa-se, em média, o dano a cerca de dois milhões de neurónios”. “Quando temos a instalação de um défice súbito, estamos perante a suspeita de um AVC, a partir desse momento, tempo é cérebro”, acrescenta.
José Nuno Alves foi o outro convidado do programa. O neurologista do Hospital de Braga alerta que as pessoas, por vezes, têm “a tendência de desvalorizar os sintomas”, como a dificuldade em mexer um braço ou uma perna, problemas na fala e a assimetria da face (boca ao lado), e lembra que o problema vem do cérebro e que “esfregar alguma parte do corpo com álcool, como acontece de vez em quando, não vai resolver nada”.
Um caso oposto foi o que aconteceu com o marido de uma paciente, cuja reação instantânea acabou por ser decisiva. “Lembro-me de uma pessoa que, no dia de Natal, reconheceu rapidamente os sintomas, neste caso na mulher, e que, com a pressa, veio a conduzir até ao hospital sem calçar os sapatos. Percebeu logo a gravidade da situação. Passados uns tempos, vi essa senhora na rua a caminhar sem sequela nenhuma”, conta o médico do Hospital de Braga, alertando que “não adianta ir a um centro de saúde” nestas ocasiões.
O AVC é a principal causa de morte em Portugal. De acordo com os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística, em 2019, houve 10.975 óbitos causados por esse problema. Evitar o consumo de tabaco e de álcool, alimentação saudável e a prática de exercício físico são algumas das medidas preventivas que devem ser adotadas.
