“Quando entro por esta porta, todos os meus males desaparecem”

A Delegação de Braga da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) celebrou, esta terça-feira, 12 anos de existência. Está, desde fevereiro de 2024, sediada na rua de Santa Margarida (nas antigas instalações do Diário do Minho), espaço que marcou o início de uma nova fase, uma vez que é mais amplo, tem melhores condições e uma capacidade reforçada para responder às necessidades dos doentes oncológicos e das suas famílias.
A mudança, segundo a presidente da delegação, Fátima Soeiro, foi transformadora. “Mudou tudo”, afirma. “Antes trabalhávamos em condições extremamente limitadas. Hoje temos gabinetes suficientes, uma sala ampla para atividades e um ambiente que nos permite acolher melhor quem aqui chega.”
É esse acolhimento que, na prática, faz a diferença. E há uma frase que se repete frequentemente entre os utentes: “Quando entro por esta porta, todos os meus males desaparecem.” Palavras como estas, ouvidas diariamente por Fátima e pela equipa, resumem o impacto do trabalho desenvolvido ali: mais do que um centro de apoio, a delegação tornou-se um refúgio emocional, um ponto de encontro e uma nova casa para muitos.
Braga é já a maior delegação da LPCC em todo o país
Desde 2013, a delegação de Braga já realizou 15.337 consultas de apoio psicológico. Só em 2024, foram registadas 2.726 consultas. Este ano, até agora, há registo de 844. A equipa atual conta com quatro psicólogas clínicas, que dão resposta individual e em grupo, e por uma educadora social. Com cerca de 90 voluntários ativos, o trabalho da delegação vai muito além das paredes da sede. Há os voluntários hospitalares, 59 pessoas que atuam diretamente no serviço de oncologia, e cerca de 30 que apoiam eventos, feiras solidárias e campanhas de angariação de fundos. Muitos deles são pessoas que já tiveram doenças oncológicas, que “passaram por isto e hoje ajudam outros a passar. São testemunhos vivos de esperança”, sublinha Fátima Soeiro.
O espaço ampliado abriu portas para novas dinâmicas. Além do apoio psicológico, a delegação oferece yoga, meditação, reiki e pilates clínico. Em breve, vai ser introduzida a biblioterapia (sugerida por uma voluntária). Há outras atividades, como crochet, organizadas pelas próprias utentes. “As ideias vêm delas. São elas que nos pedem para criar espaços de partilha. E isso é maravilhoso”, conta a responsável.
A prioridade agora é consolidar os projetos existentes, manter a qualidade da resposta e continuar a crescer com os pés bem assentes na realidade.
“Estes são os projetos que sonhámos e conseguimos concretizar. Outras coisas virão com o tempo. Por enquanto, fazemos muito daquilo que antes fazíamos pouco. E isso já é uma grande conquista”, finaliza Fátima Soeiro.
Proximidade como missão
Hugo Sousa, membro da Direção Nacional da LPCC, destaca Braga como um caso exemplar. “É a maior delegação do país, sem dúvida. Pela estrutura, pela resposta que dá à comunidade e pela ligação afetiva que criou com os doentes”. Para o responsável pelas delegações na região Norte, a descentralização é fundamental para cumprir a missão da Liga, uma vez que o “apoio ao doente tem de estar próximo, tem de ser imediato e tem de chegar a quem mais precisa, sem barreiras geográficas nem burocráticas”, explica.
