“Quando acabasse a carreira, gostava que o árbitro fosse visto como outro tipo de pessoa”

João Pinheiro salienta que é preciso “desmistificar o papel do árbitro”. Em entrevista ao programa RUM(O) Desportivo, emitido esta sexta-feira, o barcelense aborda a dificuldade em recrutar jovens para este setor do futebol.
Presença regular na iniciativa ‘Árbitro na escola’, desenvolvida pela Associação de Futebol de Braga, revela que “os miúdos costumam começar as sessões um bocadinho reticentes”, mas que “acabam por sair a pensar que se calhar vão gostar de ser árbitros”. João Pinheiro é a favor da replicação deste tipo de iniciativas, que dão “outra perspetiva” da atividade.
“É muito difícil, mas, quando acabasse a carreira, gostava que o árbitro fosse visto como outro tipo de pessoa: não ser alguém rígido, que não fala para ninguém, e sim uma pessoa completamente normal, com mulher e filhos. Uma pessoa que entra em campo no sentido de ser a melhor e de trazer justiça ao jogo, embora às vezes não consiga”, sustenta.
João Pinheiro confessa que a pandemia foi “má para a arbitragem”, com “muita gente a abandonar”. Apesar das dificuldades, o árbitro, que iniciou a carreira aos 14 anos e que tem como referências o compatriota Artur Soares Dias e o neerlandês Björn Kuipers, recentemente retirado, fala de uma atividade que proporciona momentos únicos.
O minhoto de 34 anos ressalta a experiência de “estar num campo de futebol com o estádio cheio, ter contacto com grandes jogadores e perspetivas de golos que mais ninguém tem”. Para João Pinheiro, ao contrário do antes e do pós-jogo, “os 90 minutos são fantásticos”. “Costumo dizer que quem entra na arbitragem dificilmente sai”, enaltece.
